sábado, 1 de janeiro de 2011

Etiologia

A desnutrição no idoso é causa e conseqüência de inúmeros fatores, que funcionam como um círculo vicioso. Exemplo, a perda de dentes leva a desnutrição e, a desnutrição causa mais cáries e mais perda de dentes. A nutrição depende de fatores sócio-econômico culturais, fisiopatológicos, psicológicos e cognitivos. O idoso necessita adaptar seu hábito alimentar a sua nova condição imposta pela idade, ou seja, ele deve se alimentar, não de mesma forma que o fazia quando moço, porém, modificando o seu cardápio para alimentos funcionais, que contenham substâncias com propriedades nutritivas e mesmo terapêuticas e, pouco para alimentos hipercalóricos (chocolates, bolos, refrigerantes, etc).

Fatores sócio-econômicas e culturais – Entende-se como fatores sócio-econômicas e culturais, a aposentadoria com o declínio da sociabilização, gerando o isolamento que prejudica o acesso a obtenção de alimentos e, a nova composição familiar (familias menores, e muitas vezes com filhos desempregados) onde o idoso é o provedor financeiro que vê os seus parcos rendimentos sendo usados para manter despesas diversas da família, em prejuízo da aquisição de alimentos e até medicamentos necessários para a sua saúde.

Fatores fisiopatológicas – A desnutrição pode ser decorrente de fatores fisiopatológicas causados pela idade ou por doenças devem ser rapidamente reconhecidos e tratados revertendo o quadro de desnutrição do idoso. Fazem parte desse descontrole as alterações gastrointestinais; como a gastrite atrófica, a hipocloridria (diminuição do ácido clorídrico) e diminuição do fator intrínseco, que pode ocorrer em 20% dos casos, resultando em má absorção de cálcio, vitamina B12 e ferro; a fibrose e atrofia das glândulas salivares, a perda de dentes, atrofia de papilas gustatórias, a diminuição da sensibilidade de receptores associados ao controle da sede e conseqüentemente, menor ingestão de água (hipodipsia) que leva á desidratação.

Fatores iatrogênicos – Um classe especial de fatores fisiopatológicos é a provocada pela iatrogenia, onde diversos fármacos interferem negativamente na nutrição das pessoas, em especial dos idosos. O uso de múltiplos medicamentos podem influenciar a ingestão, a digestão, a absorção, o metabolismo e a excreção de nutrientes. Inúmeros são os exemplos das interferências medicamentos na nutrição, como, os antiácidos diminuindo a absorção de ferro, cálcio e vitamina B 12, as resinas ligadoras de colesterol ou óleo mineral podem induzir a má absorção de vitamina A, D, E e K.

Fatores psicológicos - Os fatores psicológicos aparecem de forma insidiosa até atingir proporções, cuja único tratamento é mediante internações e alimentação enteral. A perda do conjuge pode causar a anorexia relacionada com a depressão. O alcoolismo associado ao isolamento, leva a desnutrição inaparente, onde desta as deficiências de tiamina, folato e magnésio. Alguns autores, chamam a este estado metabólico de desnutrição oculta.

Fatores cognitivos – Os fatores cognitivos, são representados pela deterioração da função cognitiva, como acontece no mal de Alzheimer e doença de Parkinson, resultando em inabilidade para obtenção do alimento, esquecimento ou incapacidade de se alimentar.

A má nutrição no idoso causa repercussões em muitos orgãos e sistemas do corpo humano, levando a um declínio da capacidade funcional, causado pela atrofia muscular (sarcopenia) e disfunção em orgãos vitais como os pulmões, coração e rins. A baixa taxa de metabolísmo, diminui a produção de proteínas especialmente albumina, globulinas, enzimas, neurotransmissores, hormônios. Com isso, pode ocorrer insuficiência cardíaca (Beri-beri cardíaco), diabetes, deficiência imunológica e hematológica, expondo o idoso a infecções graves e até fatais.
Entrevista Professora Teresa Amaral - APNEP:

«A desnutrição é um grave problema
de Saúde Pública»

NutriNews: O Projecto NutriAction teve como objectivo aferir
do estado nutricional dos idosos. Como podemos lutar contra a
malnutrição demonstrada no estudo?

Professora Teresa Amaral: A desnutrição é largamente prevenível e
tratável. Dado o baixo custo da maioria das intervenções nutricionais,
resultados de estudos cuidadosamente conduzidos apoiam o mérito
da adopção de um rastreio e de um tratamento nutricional apropria-
do, também de uma perspectiva económica.

Esta necessidade já há
muito reconhecida de rastreio do estado nutricional no momento da
admissão hospitalar, revela-se naturalmente como sendo da maior
importância sobre uma perspectiva preventiva, a nível comunitário.

NN: O rastreio nutricional dos mais idosos é uma necessidade urgente?

TA: É, pois a desnutrição parece ser a doença mais frequente no
ambiente hospitalar e na comunidade, representando um grave
problema de Saúde Pública. O conhecimento da dimensão deste
problema, não tem sido suficiente para que sejam implementadas
as inúmeras recomendações de sociedades científicas interna-
cionais e as resoluções do Comité de Ministros do Conselho da
Europa, que visam o rastreio da desnutrição e o início atempado
do suporte nutricional. O rastreio em massa de alterações do es-
tado nutricional, surge como uma necessidade, para que todos os
indivíduos em risco sejam precocemente tratados. Somos frequen-
temente deparados com situações limites, que teriam beneficiado

de uma intervenção precoce, re-
flectindo a escassa importância e
reconhecimento que são dados às
estratégias preventivas.

NN: Que papel tem a Associação
Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP) na luta para
a implementação do rastreio nacional e obrigatório?

TA: A APNEP tem trabalhado intensamente na sensibilização so-
bre a importância do rastreio e da prescrição/monitorização da
alimentação e do estado nutricional dos doentes, na admissão e
durante todo o internamento em unidades prestadoras de cuida-
dos de saúde e também na implementação das recomendações
internacionais.

NN: Que papel têm os suplementos nutricionais na luta contra a
malnutrição dos mais velhos? E que papel tem a Nutricia Advanced
Medical Nutrition?

TA: Nas situações em que existe ou se prevê um desequilíbrio
alimentar, os suplementos nutricionais serão da maior utilidade na
prevenção e no tratamento da desnutrição. A Nutricia tem, ao longo
dos anos, apostado numa intervenção junto de todos os profissio-
nais que lidam com o problema no sentido de juntos alavancarem
estratégias e acções que contrariem a malnutrição prevalente e
potenciem a dicotomia de trabalho nutrição e terapêutica.

Nutrinews número 10 |

Terapêutica Nutricional, uma prática essencial
no combate à Malnutrição

«Os idosos, tendencialmente, fazem uma alimentação desadequada.» As palavras são da responsabilidade
do enfermeiro Joaquim Lourenço, especialista em Saúde do Idoso e Geriatria.

Relativamente à malnutrição no idoso, o enfermeiro,
Joaquim Lourenço explica que «o problema está,
por exemplo, na dentição inadequada e nas próteses
desconfortáveis. Mas, também é importante referir que o
estatuto social e económico contribui, de forma efectiva,
para o padrão alimentar da maioria das pessoas».

Existe conhecimento de que «os hábitos alimentares,
quer sejam bons, maus ou indiferentes, são adquiridos e
fixados por repetição. Este facto, associado às alterações
digestivas provocadas pela diminuição da sensibilidade
ao paladar e ao cheiro na pessoa idosa» podem trazer
problemas ao nível da saúde.

É fundamental alertar para esta problemática porque
a maioria dos idosos tem tendência para desenvolver
problemas de desidratação. «A obstipação e alguns
estados confusionais podem resultar de estados de
desidratação».

Para além destes problemas, «os idosos também podem
apresentar limitações no metabolismo, intolerância
à glicose, stress resultante da mudança de hábitos
alimentares e falta de apetite devido ao isolamento/
solidão».

A resistência à mudança é também uma característica
dos idosos porque «está associada ao controlo sobre a
respectiva vida».

Muitas vezes, «quando abandonam o ritual das refeições,
mais ou menos rígidas, acabam por perder o interesse
pelas refeições e ingerem menores quantidades de alimen-
tos, enfatiza. E acrescenta: «Com a deficiente ingestão de
cálcio, de ferro e de vitaminas, associada à diminuição da
mobilidade, aumenta o risco de fracturas e de desenvolver
osteoporose. A redução da ingestão calórica pode conduzir
à malnutrição o que, consequentemente, diminui o senti-
mento de bem-estar do idoso.»

Relativamente aos conselhos que habitualmente são
transmitidos pelos enfermeiros aos idosos, explica que,
«antes de mais, a dieta deve ser equilibrada, tendo sempre
por base os alimentos das várias categorias básicas.
Neste âmbito, deve ser dada a máxima importância ao
fornecimento de vitamina D, cálcio e fósforo».

Cabe ao enfermeiro «ser o interlocutor da equipa mul-
tidisciplinar para que o idoso possa satisfazer todas as
necessidades nutricionais», revela.

Que tipo de dieta deve ser aplicada para estes idosos com
malnutrição? No que diz respeito a esta questão, o enf.º
Joaquim Lourenço responde que, «fundamentalmente,
uma alimentação saudável para os idosos não é diferente
da alimentação saudável para os adultos, por isso, quando
se faz a avaliação nutricional do idoso deve também ter-se
em conta que grande parte dos medicamentos que este
toma, interferem na absorção de nutrientes».

A dieta ideal para os idosos «deve ser moderada a elevada
em proteínas, moderada em glícidos relativamente pobre em
gorduras e rica em vitaminas e em minerais. A experiência
profissional diz-nos que em idosos com malnutrição, é
necessário fazer terapêutica nutricional como suplemento».

Através da terapêutica nutricional é possível administrar a
quantidade de energia e proteínas diárias pretendidas e
atingir com rapidez o bem-estar do idoso. «Esta terapêutica
praticamente não interfere com os hábitos alimentares,
previne os estados de ansiedade e facilita a introdução de
medidas correctivas nos mesmos», destaca.

Antes de terminar, menciona ainda que «não comer a horas
certas e, por vezes, não jantar, pode acabar por provocar
hipoglicémias nocturnas, que quando são associadas a
uma baixa perfusão cerebral, podem causar a morte súbita.
Tal comportamento, também é causa de retardamento na
reposição óssea, cicatrização de feridas, maior predisposição
a anemia e menor resistência às infecções».

69% dos idosos perderam peso
nos últimos 3 a 6 meses

O estudo que avaliou o estado nutricional das pessoas com mais
de 65 anos concluiu que cerca de 69% dos idosos perderam peso.
Mais, os idosos institucionalizados (em hospitais e lares) perderam
9% do seu peso (isto é, cerca de 6 kg se considerarmos o indivíduo
com 65 kg) no período de três a seis meses. Contudo, independen-
temente do local de rastreio – hospital, lar ou farmácia – são os
indivíduos com “baixo peso”, os que, em maior percentagem, tive-
ram uma perda de peso superior a 5 ou 10%.

50% dos inquiridos, ingere no máximo
metade do prato da refeição principal

Através da aplicação deste estudo, enquadrado no Projecto
NutriAction, concluiu-se que um terço dos indivíduos com idade
igual ou superior a 65 anos, tem um IMC abaixo do normal.
Metade da refeição principal é o máximo ingerido por 50% da
população alvo do estudo. Contudo, apenas 18% dos indivíduos
referiram já ter realizado terapêutica nutricional, sendo o hospital
o local onde se opta mais por esta medida.

Entrevista

Malnutrição nos idosos

Contributo do farmacêutico é determinante

Numa altura em que a população portuguesa regista claros sinais de envelhecimento, o estado nutricional
das pessoas com mais de 65 anos deve ser uma preocupação.

Integrada no painel de palestrantes da conferência,
onde dia 1 de Outubro – Dia Mundial do Idoso – se
debateu a prevalência da malnutrição nos idosos, a
Dr.ª Maria da Luz Sequeira esclareceu qual é o papel
do farmacêutico neste panorama.

«As farmácias e os farmacêuticos têm tido, desde
sempre, um papel importante junto das pessoas idosas».
A dirigente da Associação Nacional de Farmácias (ANF)
afirmou também que a utilidade deste profissional
é visível «na informação e aconselhamento sobre o
uso correcto, efectivo e seguro dos medicamentos,
na identificação de indivíduos suspeitos de doenças
crónicas e, ainda, na promoção do envelhecimento
activo ao longo da vida».

No âmbito da promoção do envelhecimento activo, a
farmacêutica admitiu que «a intervenção farmacêutica
passa por recomendar estilos de vida saudáveis que
incluam uma alimentação equilibrada, actividade física
regular, controlo de peso, não fumar, uma higiene oral
adequada e, ainda, a adopção de comportamentos
que conduzam à autonomia e independência».

A propósito do uso de fármacos nesta população, a
especialista reconheceu que «os idosos apresentam
condições particulares que condicionam não só a
eficácia e segurança dos medicamentos como, também,
o seu estado nutricional», pelo que, acrescentou, «a
abordagem do farmacêutico junto do doente idoso tem
de ter em consideração todas estas questões».

Na foto: Dr.ª Maria da Luz Sequeira, dirigente da Associação Nacional de Farmácias (ANF)

A importância das campanhas de informação

Num trabalho que necessita de continuidade, Maria da
Luz Sequeira abordou o desenvolvimento de algumas
campanhas que visaram resolver os problemas de
malnutrição na população idosa, relembrando que em
2007 as Farmácias desenvolveram uma campanha
dirigida a esta população, denominada “Viver mais, viver
melhor conhecendo os seus medicamentos!”, com o
objectivo de contribuir para o uso correcto, efectivo e
seguro dos medicamentos.

«Esta iniciativa decorreu em mais de 1450 Farmácias e
dirigiu-se aos doentes com 65 ou mais anos a tomar 4 ou
mais medicamentos, com pedido para trazer à farmácia

o saco com todos os medicamentos que tomavam,
em dia e hora a marcar com o farmacêutico. No dia da
visita do doente à farmácia, o farmacêutico analisou
todos os medicamentos que o doente trouxe com o
objectivo de identificar situações como problemas
de adesão, problemas com a toma, duplicação não
intencional da terapêutica, reacções adversas e
medicamentos fora prazo.»

A farmacêutica terminou dizendo que «as farmácias
estão sempre disponíveis para colaborar em iniciativas
que visem melhorar a qualidade de vida da população,
em particular dos idosos».

Que terapêutica nutricional
receberam os indivíduos?

Produtos consumidos

Consumo
de terapêutica
nutricional

Indivíduos com “baixo peso”
e que perderam peso nos
últimos 3 a 6 meses, são os
que, em maior percentagem,
já realizaram terapêutica nu-
tricional, com o objectivo de
travar a perda de peso.

Cubitan Forticreme Vitaminas* Centrum

6,6%

17,7%

Protifar

5,6%

Nutridrink

100%

80%

60%

40%

20%

Perda superior a 5%

73,9%

Perda superior a 10%

54,9%

* erradamente os suplementos nutricionais continuam a ser confundidos com vitaminas e minerais

Ar, Água, Nutrição! São necessidades básicas

Numa acção inédita, a Nutricia Advanced Medical Nutrition, conjuntamente com
a European Nutrition for Health Alliance (ENHA) e a Associação Portuguesa de
Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP), uniram-se para a realização de um estudo
que procurou avaliar o estado nutricional da população idosa.

Foi divulgado no passado dia 1 de Outubro, Dia Mundial do Idoso, o estudo nacional que aferiu o
estado nutricional da população com mais de 65 anos.

No evento esteve presente o Prof. Doutor Frank de Man, secretário-geral da ENHA, que descreveu
a malnutrição como «uma deficiência, excesso ou escassez na ingestão de alimentos, ou seja,
proteínas e outros nutrientes, que causam efeitos adversos nos tecidos, composição corporal,
resultados clínicos e qualidade de vida».

Segundo a ENHA entidade científica internacional que trabalha ao nível da nutrição, a população
com mais de 65 anos está malnutrida. Para além disso, acrescentou o Prof. Doutor Frank de Man,
«os indivíduos com baixo peso, são aqueles que têm uma perda superior a 5 ou 10%». O especialista
esclareceu que, na sua opinião, «só através da terapêutica nutricional conseguiremos, de forma efi-
caz, travar a malnutrição». A ENHA entregou junto da União Europeia um documento designado por
White Paper “Together for Health”, com o objectivo de alertar os países da UE para a necessidade
de criar uma abordagem integrada e conjunta para combater a malnutrição. Como destaca a ENHA,
a malnutrição, tal como a obesidade, é o resultado de uma lacuna nutricional com consequências
significativas para a saúde, qualidade de vida e despesas de farmacoeconomia. O documento, define
uma estratégia para o período 2008-2013 e aler-
ta a UE para a urgência de uma abordagem mais
aprofundada da malnutrição que, paralelamente
com a obesidade, terá de ser uma prioridade das
políticas de saúde, programas de educação, in-
vestigação e ao nível da implementação de pro-
jectos de informação.

Ricardo Gaudêncio/JAS Farma ®
Entrevista Professora Teresa Amaral - APNEP:

«A desnutrição é um grave problema
de Saúde Pública»

NutriNews: O Projecto NutriAction teve como objectivo aferir
do estado nutricional dos idosos. Como podemos lutar contra a
malnutrição demonstrada no estudo?

Professora Teresa Amaral: A desnutrição é largamente prevenível e
tratável. Dado o baixo custo da maioria das intervenções nutricionais,
resultados de estudos cuidadosamente conduzidos apoiam o mérito
da adopção de um rastreio e de um tratamento nutricional apropria-
do, também de uma perspectiva económica.

Esta necessidade já há
muito reconhecida de rastreio do estado nutricional no momento da
admissão hospitalar, revela-se naturalmente como sendo da maior
importância sobre uma perspectiva preventiva, a nível comunitário.

NN: O rastreio nutricional dos mais idosos é uma necessidade urgente?

TA: É, pois a desnutrição parece ser a doença mais frequente no
ambiente hospitalar e na comunidade, representando um grave
problema de Saúde Pública. O conhecimento da dimensão deste
problema, não tem sido suficiente para que sejam implementadas
as inúmeras recomendações de sociedades científicas interna-
cionais e as resoluções do Comité de Ministros do Conselho da
Europa, que visam o rastreio da desnutrição e o início atempado
do suporte nutricional. O rastreio em massa de alterações do es-
tado nutricional, surge como uma necessidade, para que todos os
indivíduos em risco sejam precocemente tratados. Somos frequen-
temente deparados com situações limites, que teriam beneficiado

de uma intervenção precoce, re-
flectindo a escassa importância e
reconhecimento que são dados às
estratégias preventivas.

NN: Que papel tem a Associação
Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP) na luta para
a implementação do rastreio nacional e obrigatório?

TA: A APNEP tem trabalhado intensamente na sensibilização so-
bre a importância do rastreio e da prescrição/monitorização da
alimentação e do estado nutricional dos doentes, na admissão e
durante todo o internamento em unidades prestadoras de cuida-
dos de saúde e também na implementação das recomendações
internacionais.

NN: Que papel têm os suplementos nutricionais na luta contra a
malnutrição dos mais velhos? E que papel tem a Nutricia Advanced
Medical Nutrition?

TA: Nas situações em que existe ou se prevê um desequilíbrio
alimentar, os suplementos nutricionais serão da maior utilidade na
prevenção e no tratamento da desnutrição. A Nutricia tem, ao longo
dos anos, apostado numa intervenção junto de todos os profissio-
nais que lidam com o problema no sentido de juntos alavancarem
estratégias e acções que contrariem a malnutrição prevalente e
potenciem a dicotomia de trabalho nutrição e terapêutica.

Nutrinews número 10 |

Terapêutica Nutricional, uma prática essencial
no combate à Malnutrição

«Os idosos, tendencialmente, fazem uma alimentação desadequada.» As palavras são da responsabilidade
do enfermeiro Joaquim Lourenço, especialista em Saúde do Idoso e Geriatria.

Relativamente à malnutrição no idoso, o enfermeiro,
Joaquim Lourenço explica que «o problema está,
por exemplo, na dentição inadequada e nas próteses
desconfortáveis. Mas, também é importante referir que o
estatuto social e económico contribui, de forma efectiva,
para o padrão alimentar da maioria das pessoas».

Existe conhecimento de que «os hábitos alimentares,
quer sejam bons, maus ou indiferentes, são adquiridos e
fixados por repetição. Este facto, associado às alterações
digestivas provocadas pela diminuição da sensibilidade
ao paladar e ao cheiro na pessoa idosa» podem trazer
problemas ao nível da saúde.

É fundamental alertar para esta problemática porque
a maioria dos idosos tem tendência para desenvolver
problemas de desidratação. «A obstipação e alguns
estados confusionais podem resultar de estados de
desidratação».

Para além destes problemas, «os idosos também podem
apresentar limitações no metabolismo, intolerância
à glicose, stress resultante da mudança de hábitos
alimentares e falta de apetite devido ao isolamento/
solidão».

A resistência à mudança é também uma característica
dos idosos porque «está associada ao controlo sobre a
respectiva vida».

Muitas vezes, «quando abandonam o ritual das refeições,
mais ou menos rígidas, acabam por perder o interesse
pelas refeições e ingerem menores quantidades de alimen-
tos, enfatiza. E acrescenta: «Com a deficiente ingestão de
cálcio, de ferro e de vitaminas, associada à diminuição da
mobilidade, aumenta o risco de fracturas e de desenvolver
osteoporose. A redução da ingestão calórica pode conduzir
à malnutrição o que, consequentemente, diminui o senti-
mento de bem-estar do idoso.»

Relativamente aos conselhos que habitualmente são
transmitidos pelos enfermeiros aos idosos, explica que,
«antes de mais, a dieta deve ser equilibrada, tendo sempre
por base os alimentos das várias categorias básicas.
Neste âmbito, deve ser dada a máxima importância ao
fornecimento de vitamina D, cálcio e fósforo».

Cabe ao enfermeiro «ser o interlocutor da equipa mul-
tidisciplinar para que o idoso possa satisfazer todas as
necessidades nutricionais», revela.

Que tipo de dieta deve ser aplicada para estes idosos com
malnutrição? No que diz respeito a esta questão, o enf.º
Joaquim Lourenço responde que, «fundamentalmente,
uma alimentação saudável para os idosos não é diferente
da alimentação saudável para os adultos, por isso, quando
se faz a avaliação nutricional do idoso deve também ter-se
em conta que grande parte dos medicamentos que este
toma, interferem na absorção de nutrientes».

A dieta ideal para os idosos «deve ser moderada a elevada
em proteínas, moderada em glícidos relativamente pobre em
gorduras e rica em vitaminas e em minerais. A experiência
profissional diz-nos que em idosos com malnutrição, é
necessário fazer terapêutica nutricional como suplemento».

Através da terapêutica nutricional é possível administrar a
quantidade de energia e proteínas diárias pretendidas e
atingir com rapidez o bem-estar do idoso. «Esta terapêutica
praticamente não interfere com os hábitos alimentares,
previne os estados de ansiedade e facilita a introdução de
medidas correctivas nos mesmos», destaca.

Antes de terminar, menciona ainda que «não comer a horas
certas e, por vezes, não jantar, pode acabar por provocar
hipoglicémias nocturnas, que quando são associadas a
uma baixa perfusão cerebral, podem causar a morte súbita.
Tal comportamento, também é causa de retardamento na
reposição óssea, cicatrização de feridas, maior predisposição
a anemia e menor resistência às infecções».

69% dos idosos perderam peso
nos últimos 3 a 6 meses

O estudo que avaliou o estado nutricional das pessoas com mais
de 65 anos concluiu que cerca de 69% dos idosos perderam peso.
Mais, os idosos institucionalizados (em hospitais e lares) perderam
9% do seu peso (isto é, cerca de 6 kg se considerarmos o indivíduo
com 65 kg) no período de três a seis meses. Contudo, independen-
temente do local de rastreio – hospital, lar ou farmácia – são os
indivíduos com “baixo peso”, os que, em maior percentagem, tive-
ram uma perda de peso superior a 5 ou 10%.

50% dos inquiridos, ingere no máximo
metade do prato da refeição principal

Através da aplicação deste estudo, enquadrado no Projecto
NutriAction, concluiu-se que um terço dos indivíduos com idade
igual ou superior a 65 anos, tem um IMC abaixo do normal.
Metade da refeição principal é o máximo ingerido por 50% da
população alvo do estudo. Contudo, apenas 18% dos indivíduos
referiram já ter realizado terapêutica nutricional, sendo o hospital
o local onde se opta mais por esta medida.

Entrevista

Malnutrição nos idosos

Contributo do farmacêutico é determinante

Numa altura em que a população portuguesa regista claros sinais de envelhecimento, o estado nutricional
das pessoas com mais de 65 anos deve ser uma preocupação.

Integrada no painel de palestrantes da conferência,
onde dia 1 de Outubro – Dia Mundial do Idoso – se
debateu a prevalência da malnutrição nos idosos, a
Dr.ª Maria da Luz Sequeira esclareceu qual é o papel
do farmacêutico neste panorama.

«As farmácias e os farmacêuticos têm tido, desde
sempre, um papel importante junto das pessoas idosas».
A dirigente da Associação Nacional de Farmácias (ANF)
afirmou também que a utilidade deste profissional
é visível «na informação e aconselhamento sobre o
uso correcto, efectivo e seguro dos medicamentos,
na identificação de indivíduos suspeitos de doenças
crónicas e, ainda, na promoção do envelhecimento
activo ao longo da vida».

No âmbito da promoção do envelhecimento activo, a
farmacêutica admitiu que «a intervenção farmacêutica
passa por recomendar estilos de vida saudáveis que
incluam uma alimentação equilibrada, actividade física
regular, controlo de peso, não fumar, uma higiene oral
adequada e, ainda, a adopção de comportamentos
que conduzam à autonomia e independência».

A propósito do uso de fármacos nesta população, a
especialista reconheceu que «os idosos apresentam
condições particulares que condicionam não só a
eficácia e segurança dos medicamentos como, também,
o seu estado nutricional», pelo que, acrescentou, «a
abordagem do farmacêutico junto do doente idoso tem
de ter em consideração todas estas questões».

Na foto: Dr.ª Maria da Luz Sequeira, dirigente da Associação Nacional de Farmácias (ANF)

A importância das campanhas de informação

Num trabalho que necessita de continuidade, Maria da
Luz Sequeira abordou o desenvolvimento de algumas
campanhas que visaram resolver os problemas de
malnutrição na população idosa, relembrando que em
2007 as Farmácias desenvolveram uma campanha
dirigida a esta população, denominada “Viver mais, viver
melhor conhecendo os seus medicamentos!”, com o
objectivo de contribuir para o uso correcto, efectivo e
seguro dos medicamentos.

«Esta iniciativa decorreu em mais de 1450 Farmácias e
dirigiu-se aos doentes com 65 ou mais anos a tomar 4 ou
mais medicamentos, com pedido para trazer à farmácia

o saco com todos os medicamentos que tomavam,
em dia e hora a marcar com o farmacêutico. No dia da
visita do doente à farmácia, o farmacêutico analisou
todos os medicamentos que o doente trouxe com o
objectivo de identificar situações como problemas
de adesão, problemas com a toma, duplicação não
intencional da terapêutica, reacções adversas e
medicamentos fora prazo.»

A farmacêutica terminou dizendo que «as farmácias
estão sempre disponíveis para colaborar em iniciativas
que visem melhorar a qualidade de vida da população,
em particular dos idosos».

Que terapêutica nutricional
receberam os indivíduos?

Produtos consumidos

Consumo
de terapêutica
nutricional

Indivíduos com “baixo peso”
e que perderam peso nos
últimos 3 a 6 meses, são os
que, em maior percentagem,
já realizaram terapêutica nu-
tricional, com o objectivo de
travar a perda de peso.

Cubitan Forticreme Vitaminas* Centrum

6,6%

17,7%

Protifar

5,6%

Nutridrink

100%

80%

60%

40%

20%

Perda superior a 5%

73,9%

Perda superior a 10%

54,9%

* erradamente os suplementos nutricionais continuam a ser confundidos com vitaminas e minerais

Ar, Água, Nutrição! São necessidades básicas

Numa acção inédita, a Nutricia Advanced Medical Nutrition, conjuntamente com
a European Nutrition for Health Alliance (ENHA) e a Associação Portuguesa de
Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP), uniram-se para a realização de um estudo
que procurou avaliar o estado nutricional da população idosa.

Foi divulgado no passado dia 1 de Outubro, Dia Mundial do Idoso, o estudo nacional que aferiu o
estado nutricional da população com mais de 65 anos.

No evento esteve presente o Prof. Doutor Frank de Man, secretário-geral da ENHA, que descreveu
a malnutrição como «uma deficiência, excesso ou escassez na ingestão de alimentos, ou seja,
proteínas e outros nutrientes, que causam efeitos adversos nos tecidos, composição corporal,
resultados clínicos e qualidade de vida».

Segundo a ENHA entidade científica internacional que trabalha ao nível da nutrição, a população
com mais de 65 anos está malnutrida. Para além disso, acrescentou o Prof. Doutor Frank de Man,
«os indivíduos com baixo peso, são aqueles que têm uma perda superior a 5 ou 10%». O especialista
esclareceu que, na sua opinião, «só através da terapêutica nutricional conseguiremos, de forma efi-
caz, travar a malnutrição». A ENHA entregou junto da União Europeia um documento designado por
White Paper “Together for Health”, com o objectivo de alertar os países da UE para a necessidade
de criar uma abordagem integrada e conjunta para combater a malnutrição. Como destaca a ENHA,
a malnutrição, tal como a obesidade, é o resultado de uma lacuna nutricional com consequências
significativas para a saúde, qualidade de vida e despesas de farmacoeconomia. O documento, define
uma estratégia para o período 2008-2013 e aler-
ta a UE para a urgência de uma abordagem mais
aprofundada da malnutrição que, paralelamente
com a obesidade, terá de ser uma prioridade das
políticas de saúde, programas de educação, in-
vestigação e ao nível da implementação de pro-
jectos de informação.

Ricardo Gaudêncio/JAS Farma ®
Nutrição e Envelhecimento Como garantir qualidade de vida daqueles que envelhecem?

O Brasil vivencia o processo de envelhecimento populacional à semelhança dos países desenvolvidos. Esse processo caracteriza-se por aumento proporcional de pessoas idosas em relação à população total.

Dessa forma, o Brasil vai deixando de ser um país jovem, como durante muito tempo foi denominado, para presenciar o envelhecimento de sua população.

Esse processo "privilegia" as mulheres, que comprovadamente vivem mais que os homens. Em países em desenvolvimento, são considerados idosos indivíduos com 65 anos ou mais e, nos países desenvolvidos, aqueles com 60 anos ou mais.

De acordo com a professora Dra. Maria de Fátima Marucci, este fato ocorre devido à queda nos coeficientes de fecundidade e de mortalidade. Está, também, associado à melhoria das condições de vida (moradia, alimentação, estilo de vida) e ao avanço do conhecimento científico, o que propicia diagnósticos e tratamentos precoces, bem como colabora na prevenção de agravos à saúde por meio de vacinas e medicamentos. Essa modificação, relacionada à estrutura etária e ao sexo, é denominada "transição demográfica".

Devido a essas modificações, verifica-se, também, alterações no perfil da população no que se refere à morbidade e à mortalidade.

Assim, enquanto as doenças infecciosas e parasitárias ocupavam lugar de destaque anteriormente, agora estão sendo substituídas por doenças crônicas não transmissíveis (crônico-degenerativas), como aterosclerose, hipertensão, diabetes, obesidade, osteoporose e outras. Essa mudança é denominada "transição epidemiológica".

Vários fatores interferem no processo de envelhecimento e também no aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis. Entre esses fatores, pode-se citar os de natureza genética, que não são passíveis de intervenção, e os de natureza ambiental, sobre os quais pode-se agir.

Entre estes últimos, encontra-se a alimentação, que exerce papel fundamental na promoção, na manutenção e na recuperação da saúde, desde que seja nutricionalmente adequada. Várias doenças que se apresentam mais prevalecentes em indivíduos idosos estão relacionadas à alimentação, seja como causa ou como forma de tratamento ou controle.

Nutrição x Envelhecimento

Uma das formas que temos para conhecer este perfil de alimentação e nutrição dos idosos é a partir de pesquisas populacionais utilizando tanto a antropometria para diagnóstico do estado nutricional, quanto a aplicação de inquéritos de consumo de alimentos para conhecer o padrão alimentar deste grupo etário.

Na determinação do diagnóstico do estado nutricional, a partir da antropometria, as medidas recomendadas são: peso, estatura, circunferência do braço, pregas cutâneas tricipital e subescapular. O Índice de Massa Corpórea (IMC), que utiliza o peso e a estatura, como critério diagnóstico é bastante útil, tanto ao nível individual como populacional. É muito simples de ser feito e permite comparação com estudos nacionais e internacionais.

Das alterações corpóreas que ocorrem no processo de envelhecimento, a estatura parece ser a medida mais afetada, conseqüência provável dos processos de sifose, escoliose e osteoporose que acometem muito freqüentemente esta população. De acordo com a professora Myrian Najas, uma das formas de corrigir este problema é utilizar a medida do comprimento da perna como um preditor da estatura. Para o cálculo da estatura, uma das fórmulas utilizadas tem sido a proposta por Najas e validada para a população brasileira. Elas levam em consideração a raça e o nível de escolaridade, como um marcador de nível sócio-econômico, uma vez que estes fatores são determinantes da estatura.

Patologias mais comuns no idoso Os problemas nutricionais dos idosos têm aumentado, uma vez que eles, na sua maioria, além do envelhecimento fisiológico que pode levar ao declínio, proporcional ou não, de várias funções orgânicas, são pessoas sócio-economicamente menos produtivas, dependentes física e mentalmente e têm a alteração do estado nutricional, agravada pelo tratamento medicamentoso de diversas patologias relacionadas principalmente ao sistema digestório, cardiovascular, endócrino-renal, neurológico, neoplasias etc.

De acordo com a professora Dra. Nelzir Trindade Reis, os fármacos usados no tratamento das patologias podem, por seus efeitos colaterais (xerostomia, sialorréia, alteração da palatabilidade, diminuição da sensibilidade olfativa, acloridria, diarréia, constipação etc), causar limitações na ingestão alimentar, bem como provocar interações com os nutrientes, levando à alteração do estado nutricional dos idosos, agravado pelo uso de próteses dentárias, bebidas alcoólicas, auto-medicação, depressão e ansiedade.

O paciente idoso deve ser avaliado criteriosamente antes da prescrição do fármaco, pois o mesmo pode ter sua biodisponibilidade alterada pelos nutrientes ou estes podem ter sua absorção, metabolismo e excreção prejudicados pela droga, culminando com o agravamento da má nutrição. Múltiplas drogas são prescritas concomitantemente (laxativos, hipoglicemiantes, hipotensores, diuréticos, hipolipemiantes, suplemento de potássio, derivados salicílicos etc) provocando interações medicamentosas e potencializando as interações nutrientes x medicamentos ( ligadas aos macro e micronutrientes), prejudicando mais o idoso, tornando delicado o manejo nutricional.

Suplementação para Idosos A necessidade de que o idoso seja suplementado apresenta inúmeras variáveis, como quanto aos suplementos de aminoácidos, já que sabe-se que não é verdade a idéia de que estes têm qualquer efeito no processo de envelhecimento, e que o que deve ser feito, é encorajar a ingestão de refeições nutricionalmente adequadas, com consideração especial aos alimentos ricos em proteínas.

No entanto, segundo a nutricionista Dra. Márcia Daskal Hirschbruch, se o idoso apresentar níveis baixos de algumas vitaminas e minerais como por exemplo, folato, ácido ascórbico, vitamina A e zinco, deve-se avaliar a necessidade da ingestão de suplementos vitamínico-minerais a fim de fornecer uma condição nutricional adequada. Quando há indicação de suplementação para os idosos, deve-se dar atenção especial para o fato de que estes apresentam um risco aumentado quando tomam grandes doses devido ao tecido magro corpóreo estar diminuído e da função renal reduzida.

Estudo Institucional O estudo e o conhecimento do processo de envelhecimento ganhou interesse considerável nos anos recentes. Agora, mais do que nunca, existe um interesse crescente em se identificar os fatores que levam a um envelhecimento sadio. Além disso, existe também um grande interesse dos estudiosos em nutrição para ligar as práticas dietéticas com a redução ou retardo das mudanças e doenças que surgem com o envelhecimento, já que a boa nutrição está associada com o aumento da qualidade e expectativa de vida das pessoas.

Com base nisso, uma equipe de pesquisadores realizou um trabalho com o objetivo principal de desenvolver um alimento que satisfizesse as necessidades nutricionais que muitas vezes não são proporcionadas pela dieta do dia a dia devido às deficiências existentes numa alimentação inadequada. A pesquisa foi realizada no ano de 1999 em idosos vivendo em uma instituição geriátrica denominada Lar dos Velhinhos de Piracicaba - SP tendo sido conduzida por pesquisadores da área de Nutrição Humana e Medicina da Universidade de São Paulo. Os pesquisadores participantes deste estudo foram: Dra. Jocelem Mastrodi Salgado; Dra. Esther Laudanna; Dra. Andrea Dario Frias; Dr. César Furlan e Dra. Patrícia Noqueira.


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Autores

Dra. Carmem Veríssima Ferreira

Professora adjunta do departamento de bioquímica da ufrn.


Dra. Maria de Fátima Nunes Marucci

Professora Doutora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública - USP


Dra. Márcia Daskal Hirschbruch




Dra. Vanessa Teixeira de Lima

Nutricionista especialista em bioquímica aplicada à saúde pela ufrn (universidade federal do rio grande do norte).


Prof. Dra. Jocelem Salgado

Professora Titular de Nutrição do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da ESALQ/USP, Piracicaba. Presidente da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais (SBAF).


Prof. Dra. Nelzir Trindade Reis

Nutricionista e Médica. Prof. Adjunta de Nutrição Clínica e Coordenadora da Pós-Graduação em Nutrição Clínica da Universidade Gama Filho. Livre Docente em Nutrição Clínica pela Universidade Gama Filho e autora do livro "Nutrição Clínica na Hipertensão Arterial"


Prof. Myrian Najas





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Os autores estão em ordem alfabética.

Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Setembro/Outubro 2000






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em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso.
DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO E FATORES DE RISCO
Eliana Lopes Sampaio Silva¹; Adriana Dantas Fernandes¹;Valdirene da Silva Palácio¹; César
Ricardo Lamp²; Veridiana Mota Moreira²

O envelhecimento populacional é uma realidade mundial. A mudança do padrão demográfico
brasileiro não indica necessariamente melhoria das condições de vida do idoso, que deve ter
como meta um envelhecimento com qualidade de vida. O envelhecimento normal está
associado a mudanças na composição corporal em decorrência de mudanças na fisiologia, no
metabolismo, na demanda nutricional, nas condições sócio-econômicas, doenças crônico-
degenerativas e à interação entre ingestão de nutrientes e medicamentos. A ingestão
nutricional inadequada acelera os problemas de saúde previamente existentes. Este trabalho
teve por objetivo descrever de maneira bibliográfica os distúrbios nutricionais dos idosos bem
como apontar os principais fatores de risco decorrentes da carência de macro e micro
nutrientes. A literatura tem apontado um elevado grau de suspeita clínica de pacientes idosos
desnutridos, e que, conseqüentemente, necessitam de terapêutica nutricional. A obesidade e o
ganho de peso também são sinais de má nutrição entre os idosos, essas condições vêm se
tornando uma preocupação pelo impacto causado na qualidade de vida. Relacionamento
pessoal, exclusão social, limitação nas atividades e pela dificuldade de mobilidade. Além
disso, associam-se doenças crônico-degenerativas, como aterosclerose, diabetes e hipertensão
arterial, comprometendo a longevidade saudável. Pesquisadores têm demonstrado que pessoas
as quais adquiriram hábitos novos por meio de exercícios físicos e atividades sociais
melhoraram sua auto-estima e auto-imagem, que fazem parte do autoconhecimento. Quando a
auto-imagem encontra-se em equilíbrio, é possível ver com outros olhos o próprio corpo, e
isso estimula a vitalidade, dando prazer e alegria, e, portanto, tornando os idosos mais
capacitados a perceberem seu espaço social para delimitá-lo de acordo com suas necessidades.
Esta auto-imagem inclui cuidados com a estética, valorização pessoal, sua beleza que exerce
sobre as pessoas o domínio do encantamento, que inclui também sua aparência física como o
seu peso e as alterações observadas no humor. Desse modo é necessário que o geriatra
associado de uma equipe multidisciplinar com professores de educação física, nutricionistas e
demais profissionais da área da saúde acompanhe seus pacientes de modo contínuo com
objetivo único de redução da morbidade e mortalidade de idosos causados pelas alterações
metabólicas e fisiológicas supracitadas. Conclui-se, portanto, que nutrição adequada em todos
os ciclos é um fator determinante na qualidade de vida com sérias repercussões na velhice,
mantendo uma alimentação correta, proporcionando saúde e bem estar aos idosos, bem como
um estado físico, mental e nutricional adequados.

Palavras-chave: Envelhecimento. Estado nutricional. Qualidade de vida.
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8 Causas possíveis para a má alimentação de um idoso


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Ter uma alimentação saudável é importante em qualquer idade, mas os problemas de saúde e as limitações físicas e psicológicas de um idoso podem dificultar o cumprimento de uma dieta equilibrada e rica em nutrientes. Conheça as causas da má nutrição dos idosos e saiba o que pode fazer para que estes se alimentem corretamente.

A má nutrição nos idosos
A má nutrição e a desnutrição ocorrem entre 15 a 50 % da população idosa. Existem sintomas específicos de desnutrição que são observáveis, como a perda de peso, desorientação, vertigens, letargia e perda de apetite. Estes são aspetos evidentes que mostram que um idoso não se está a alimentar corretamente, contudo, podem ser facilmente confundidos com alguma doença ou uma recaída.

Existem casos concretos de idosos que saltam pelo menos uma refeição por dia e outros que numa refeição não chegam a ingerir 1.000 calorias, o que é insuficiente para manter uma nutrição adequada.



Se é uma daquelas pessoas que está a cuidar de um idoso, deve conhecer as causas existentes para a má nutrição, assim estará a ajudá-lo a manter uma boa alimentação à medida que este vai envelhecendo.

A melhor maneira para descobrir se um idoso se está a alimentar corretamente é quando se observa com a máxima atenção os seus comportamentos. Algumas das razões mais comuns para a má nutrição nos idosos são:

Diminuição da sensibilidade: O processo de envelhecimento revela por si próprio um obstáculo à boa alimentação, uma vez que é comum assistir à diminuição do apetite quando uma pessoa envelhece. Com o passar dos anos, os sentidos vão perdendo a sua eficácia. É o caso do olfato e do paladar que perdem a capacidade que uma pessoa tem para saborear e apreciar os alimentos. Se a refeição não é apetitosa o prazer de comer esvanece-se;
Os efeitos da medicação: Existem determinados medicamentos que conduzem à redução de apetite, causam náuseas e retiram o sabor dos alimentos. Se um idoso não tem fome devido aos efeitos da medicação que possa estar a tomar, ele sente menos vontade de comer, embora o seu corpo precise de alimentos e calorias para desempenhar as tarefas básicas do quotidiano;
Fraca saúde oral: Os idosos são pessoas mais propensas a sofrer de problemas dentários. Fazer uma refeição saudável pode ser uma tarefa muito difícil para um idoso, pois o facto da placa dentária estar desajustada, existirem feridas na boca ou mesmo não terem dentes fazem com que a mastigação seja uma atividade muito dolorosa;
Encargos financeiros: Os rendimentos, incentivos e apoios de um idoso podem ser muito limitados e ao ter preocupações financeiras, um idoso pode cortar nas despesas de mercearia ou comprar alimentos mais baratos e menos nutritivos para esticar o seu orçamento;
Falta de transporte: A fim de fazer compras, um idoso deve dirigir-se ao supermercado que se encontra mais próximo. No entanto, nem todas as pessoas têm um supermercado à porta de caso e são obrigadas a deslocarem-se a um hipermercado que geralmente está situado num centro comercial. Para um idoso ter de se deslocar a um shopping é muito desmotivante e arrisca-se a não comer de modo a evitar as confusões dos centros comerciais;
Dificuldades físicas: Os idosos são pessoas que tendem a ficar mais frágeis à medida que envelhecem, especialmente se têm de lidar com doenças como a fibromialgia, artrite e deficiência. A dor física e a falta de forças podem fazer com que tarefas simples como abrir uma lata de feijões seja um enorme desafio. O melhor hábito que um idoso pode desenvolver é quando junta à boa alimentação o exercício físico regular. Assim, pode reduzir o risco do aparecimento de doenças como a osteoporose, diabetes, doenças cardíacas, entre outras;
Esquecimento: Demência, a doença de Alzheimer e a memória fraca pode afetar a capacidade de fazer uma refeição equilibrada e variada. Pode estar a fazer sempre os mesmos combinados, a comer os mesmos alimentos e até a saltar refeições, uma vez que já não se recorda da última vez que comeu;
Depressão: Existem inúmeros motivos para uma pessoa entrar em depressão. Trata-se de uma doença que afeta homens e mulheres de todas as idades e conforme as pessoas vão envelhecendo, a vida pode tornar-se mais difícil. Quando um idoso se encontra deprimido, isso pode conduzir à diminuição do apetite ou fazê-lo sentir apático sobre como cuidar da sua saúde.

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A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO NA 3ª IDADE

DOUTORA ANDREA DARIO FRIAS



Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que a fragilidade em idosos de São Paulo é precoce em relação aos países desenvolvidos e, depois dos 75 anos, avança com rapidez.



Os principais sintomas são a perda de peso involuntária, fadiga, fraqueza, diminuição da velocidade de caminhada e baixa atividade física. A amostra contou com 689 idosos com mais de 75 anos e mostrou que o problema triplicou em apenas dois anos - passou de 14% para 45%.



Segundo a doutora Andrea Dario Frias, coordenadora do Centro de Pesquisa Sanavita e PhD em nutrição, a fragilidade é causada principalmente pela má alimentação e/ou desnutrição, cenário que em nosso país é um pouco desanimador. “Estima-se que no Brasil existam cerca de 1,3 milhões de idosos com baixo peso, sendo que a desnutrição representa atualmente mais de 35% nos registros de mortes de idosos nas regiões metropolitanas”, afirma.



Além disso, estudos que avaliaram a alimentação de idosos no estado de São Paulo mostraram que existe um consumo insuficiente de vitaminas e minerais, tais como cálcio, ferro, magnésio, vitamina B6 etc, além de um baixo consumo de proteínas e fibras.



-“Muitos idosos que vivem sozinhos ou apenas com seu cônjuge acabam dando preferência pelo consumo de alimentos industrializados prontos, fáceis de preparar. Na maioria das vezes tais alimentos são ricos em gorduras, sódio e açúcar, possuindo o que chamamos de calorias vazias, ou seja, não possuem nutrientes que garantem mais disposição, saúde e bem estar nessa fase da vida” comenta Andrea.



Para piorar a situação, com o envelhecimento a absorção de certos nutrientes como vitaminas e minerais fica prejudicada e isso resulta no agravamento da síndrome da fragilidade. Por isso, a especialista chama a atenção para um cuidado maior com a alimentação dos idosos.



- “É importante ficarmos atentos aos sinais da fragilidade que podem se manifestar precocemente, por volta dos 60-65 anos. Para que esse problema seja prevenido ou revertido, a dieta dos nossos pais, avós e outros entes queridos deve ser balanceada, rica em frutas, hortaliças, cereais integrais, carnes magras e laticínios desnatados” explica a pesquisadora.



“Nessa faixa etária, é altamente recomendável que se faça uma suplementação com alimentos que sofreram adição de nutrientes, fortificados com substâncias antioxidantes, entre outros princípios ativos benéficos, pois dessa forma é possível assegurar que o organismo esteja recebendo tudo o que ele precisa para chegar bem aos 80, 90 ou quem sabe até os 100 anos de vida” diz Andrea.



Doutora Andrea Dario Frias é coordenadora do Centro de Pesquisa Sanavita, PhD em nutrição e atua na pesquisa e desenvolvimento de alimentos especiais e funcionais e é conselheira científica da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais – SBAF.





IDOSOS LEVEMENTE GORDINHOS VIVEM MAIS E MELHOR



Idosos levemente acima do peso se recuperam melhor de cirurgias, infecções e problemas pulmonares. A reserva de energia em forma de gordura ajuda o organismo a enfrentar esses problemas.


Pesquisas recentes apontam menor mortalidade entre idosos que têm IMC (índice de massa corporal) entre 22 e 28. Especialistas que trabalham com idosos defendem uma readequação da classificação de peso normal para a terceira idade.


Para os padrões da Organização Mundial da Saúde, índices entre 25 e 30 indicam sobrepeso; pessoas consideradas com peso normal têm IMC entre 18,5 e 24,9. Esse valor é calculado pelo peso (em kg) dividido pela altura (em metro) ao quadrado.


"O idoso mais magro preocupa mais do que o que tende a ser mais redondinho", diz o geriatra Fernando Bignard, coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp.


Alguns fatores relacionados ao envelhecimento favorecem um quadro de subnutrição entre idosos. Por isso, o fato de estar magro pode sinalizar que estão mais vulneráveis a problemas.


Com a idade, ocorre a diminuição de toda a massa corporal, que inclui a massa magra (músculos e ossos) e a massa gordurosa. A perda dos dentes leva à modificação da alimentação: as refeições são frequentemente substituídas por lanches pouco nutritivos, com café, leite, pão e bolachas.

Para um trabalho divulgado neste ano na revista da Sociedade Americana de Geriatria, pesquisadores acompanharam por dez anos cerca de 10 mil velhos entre 70 e 75 anos. Constataram que mortalidade foi menor no grupo com sobrepeso leve.


Outro estudo, publicado no "Archives of Internal Medicine", avaliou 12.700 pessoas com mais de 65 anos durante sete anos. Quem tinha IMC entre 25 e 30 apresentou maior expectativa de vida com qualidade.


"Utilizo e oriento meus alunos a usar os valores de IMC entre 23 e 28 como índices de peso saudável para essa faixa etária", diz a nutricionista Maria de Fátima Marucci, coordenadora do Genuti (Grupo de Estudos de Nutrição para Idosos).


Também é preciso uma avaliação da distribuição da gordura no corpo. Se há excesso no abdômen, o idoso apresenta chances maiores de desenvolver problemas cardiovasculares.


"O médico avalia ainda a condição de saúde do paciente, a expectativa de vida. Essas informações ajudam a responder se o peso oferece algum risco", diz a geriatra Nídia Horie, do Hospital das Clínicas de SP.


FONTE: JULLIANE SILVEIRA da Folha de São Paulo




A INGESTÃO DE FRUTAS E LEGUMES É RECOMENDÁVEL







O cirurgião cardíaco norte-americano Mehmet Oz, apresenta em um documentário no canal norte-americano de TV Discovery Channel, a melhor forma de se ter uma vida saudável e, assim, retardar o envelhecimento. Oz é autor do livro Você sempre jovem. Ele acredita que é possível manter o organismo mais jovem do que aponta a idade cronológica.



Segundo o médico, são 14 agentes envolvidos no envelhecimento. Sete retardam o processo, como os antioxidantes, e sete os enfraquecem, como a atrofia muscular.



De acordo com Oz, o primeiro passo para manter esses agentes sob controle é pensar não na possibilidade de ficar doente, mas na necessidade de manter o organismo saudável. É importante manter o foco na preservação da saúde, invés de se preocupar com as doenças.



Ele acredita que a prática de exercícios é uma ferramenta essencial. O cardiologista explica em seu livro que eles combatem o primeiro sinal do envelhecimento, que é a perda da força muscular.



Outro recurso importante é alimentar-se bem e meditar. É fundamental fazer refeições de três em três horas para evitar que a taxa do hormônio grelina, que estimula a fome, suba. A meditação de cinco minutos acalma a mente e relaxa o corpo do estresse do dia a dia.



Oz também recomenda a ingestão de muita água por dia, mas não acha saudável o consumo de água mineral embalada em garrafa de plástico. Além do plástico ser poluente para o meio ambiente, ele diz que essa substância faz com que 97% das pessoas apresentem resíduos de plástico no organismo, o que interfere no sistema hormonal. Esses resíduos plásticos estimulam os receptores de estrogênio, o hormônio feminino. Em excesso, o estrogênio pode causar câncer e outros problemas.



Oz concluiu dizendo que: as toxinas contidas no plástico também aceleram o envelhecimento. Para finalizar ele alerta que a água engarrafada não apresenta vantagens em relação a água filtrada.





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Problemas com a memória em idosos
Dr. Norton Sayeg é médico especialista em Geriatria e Gerontologia desde 1984 pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia da Associação Médica Brasileira – AMB.

Uma das queixas mais comuns em idosos é a perda da memória. É tão freqüente que, infelizmente, ainda existe a crença de que se trata de um evento normal e inexorável do processo de envelhecimento. Isso não é verdade. Ele é comum, não normal. Melhor: trata-se de um problema, por vezes, passível de tratamento e cura.

Acontece que, até pouco tempo, a medicina não estava instrumentalizada para o manejo adequado dessa questão; diante de uma queixa de comprometimento intelectual, nada era feito. Pior: indicavam-se certos produtos sem nenhuma sustentação científica, que, evidentemente, não apresentavam resultados, privando o paciente de uma avaliação geriátrica correta e do tratamento efetivo.

Não existem drogas que "melhorem a memória". Geralmente, a perda de memória é devida a algum fator que, se corrigido, devolve ao indivíduo a função que estava prejudicada.

O grande vilão é o uso de calmantes e remédios para dormir, os hipnóticos. Os brasileiros são grandes consumidores de tranqüilizantes e é extremamente comum que o uso indiscriminado dessas drogas (tendo em vista que, à medida que envelhecemos, temos maior dificuldade para eliminá-las) intoxique o usuário, levando-o a quadros graves de rebaixamento intelectual, agitação, delírio e confusão mental. A simples retirada do medicamento, muitas vezes, resolve o problema.

Outra causa é a depressão, que em idosos caracteriza-se por dificuldades para dormir, mudança no padrão de apetite e perda de memória. Assim, se em vez de tratar a depressão o paciente recebe um medicamento para dormir, estaremos apenas cuidando de um sintoma e a memória será ainda mais prejudicada. O tratamento de estados depressivos é eficaz e seguro, fazendo com que a memória seja restabelecida e o sono, regularizado, sem a necessidade do uso de medicamentos.

Outras causas são silenciosas; não têm sintomas exuberantes e, por isso, são difíceis de serem diagnosticadas. Entre elas estão; a diminuição do desempenho da glândula tireóide (hipotireoidismo), o uso de certos medicamentos para pressão alta, gastrite etc., problemas sensoriais como a visão e especialmente de audição, a falta de estímulo sócio-intelectual, deficiência de certos nutrientes e abuso de álcool etc.

Percebe-se claramente que essa questão está longe de ser um problema insolúvel. A informação é fundamental para que, ao primeiro sinal de comprometimento da memória, se faça uma investigação clínica completa, para identificação da causa e instituição imediata do tratamento.



O que é perda normal de memória?



Todos nós em algum momento nos esquecemos de várias coisas. Esquecemos onde colocamos os óculos, as chaves do carro, a caneta e até de eventos importantes, como data de aniversário de parentes, de casamento etc.

Esses esquecimentos fazem parte do dia-a-dia e são naturalmente aceitos quando ocorrem com adultos jovens. Esses lapsos de memória não são valorizados e já estão incorporados na maneira de ser das pessoas, não trazendo maiores preocupações.

Quando esses fatos acontecem com pessoas de mais idade eles são mal interpretados e algumas vezes invariavelmente “rotulados” como início de algum problema mais sério. A pior de todas as rotulações é feita a partir das temíveis frases como: “Vovó está ficando esclerosada” ou ainda pior: “é o começo da ‘esclerose’ e isso é normal para a idade dela”.

Especialistas em envelhecimento há muito já estudaram os problemas com a memória que ocorrem com indivíduos idosos e determinados conceitos são atualmente bem conhecidos e comprovados cientificamente.

É verdade que com o envelhecimento o nosso organismo, como um todo, apresenta uma diminuição gradativa de várias funções existindo uma maior dificuldade de se reter na memória algumas informações. A esse estado os cientistas denominaram “Prejuízo da Memória Associado à Idade – (PMAI)”, definindo assim que, apesar de haver um declínio nesse campo, essa não é uma alteração que se deva relacionar obrigatoriamente como uma doença.

O PMAI não interfere nas atividades da vida diária e tampouco representa deficiência mental. O PMAI é passível de ser contornado eficazmente por meio de tratamento da memória, com exercícios que estimulam a atenção, com a elaboração de listas de afazeres, com jogos de memória, com associações de fatos, objetos, nome, fotos etc.

Os problemas com a memória podem estar associados a inúmeras causas, sendo as mais comuns: o cansaço, a solidão, a tristeza, a depressão, o estresse, o uso abusivo de álcool, o uso indevido de medicações calmantes e hipnóticos, certas doenças, falta de concentração, problemas de ordem nutricional etc. Também tem grande importância na queda do desempenho da memória as dificuldades com a visão e audição, alterações extremamente comuns na faixa etária avançada.

Muitas vezes uma dieta personalizada e bem balanceada, suspensão de certos medicamentos, uso de óculos, aparelhos auditivos, remoção de cerume dos ouvidos e outras correções desses fatores desencadeantes, melhoram substancialmente e até resolvem os transtornos da memória.



Quando a perda de memória é doença?



Como então podemos diferenciar se os problemas de memória em pessoas idosas são um sinal de doença?

Ao contrário do PMAI, que não apresenta piora gradativa, os problemas sérios com a memória pioram progressivamente, chegando a interferir com as atividades do dia-a-dia.

Quando os esquecimentos deixam de ser habituais e facilmente compensáveis com artifícios como anotar os recados, fazer listas de compromisso etc., e passam a dificultar as atividades do cotidiano, necessitando de ajuda de terceiros, aí sim, transformam-se em uma real preocupação médica.

Mesmo em idades avançadas um comprometimento da memória a esse nível não é normal, merecendo uma avaliação clínica completa para pronta detecção da causa.

É, portanto, imperioso que, ao primeiro sinal de que a memória está diminuída, se consulte um profissional para que o limite entre o normal e a doença possa ser estabelecido com segurança.



O que pode ser feito para melhorar a memória



Saiba que sempre podemos melhorar o desempenho da nossa memória.
Não aceite passivamente o declínio observado.
Mantenha-se ativo: novos amigos, cursos, leitura, visitas etc.
Leia pelo menos as manchetes de um jornal diariamente.
Faça palavras cruzadas dando preferência às de fácil execução.
Reserve um período do dia para trabalhar a memória
Reserve um local da casa com boa iluminação e silencioso para o seu treino.
Assegure-se que só será interrompido se absolutamente necessário.
Mantenha uma dieta saudável, beba muito líquido e ande pelo menos 30 minutos por dia.
Evite tensões desnecessárias.
Quando não entender direito o que foi dito, pergunte!
Anote tudo que for importante em um caderno ou uma agenda.
Participe de jogos que envolvam o raciocínio.
Seja uma pessoa flexível, esteja aberto para ouvir. As pessoas que não são flexíveis acabam sendo excluídas do seu meio social.
Quando lhe fizerem uma pergunta e não puder lembrar-se da resposta imediatamente, não se sinta constrangido, use recursos para ganhar tempo extra para responder: sorria, ajeite os óculos, repita a pergunta, respire fundo, limpe a garganta, etc.
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Para um final de ano saudável
24 de dezembro de 2010 Estamos às vésperas das festas de fim de ano, e isso, muitas vezes, significa o exagero no consumo de alimentos calóricos e bebidas alcoólicas. Mas você pode aproveitar as festas e saborear a ceia sem extravagâncias, pois é possível participar de uma mesa composta por alimentos nutritivos e saudáveis.

Seguem algumas dicas:

- Planeje o cardápio com antecedência, com preparações leves e saudáveis;

- Monte uma lista de compras para não adquirir produtos desnecessários no mercado;

- Prefira preparações cozidas ou assadas, com alimentos menos gordurosos e mais nutritivos;

- Elabore saladas variadas e coloridas e as sirva inicialmente para promover saciedade;

- Evite molhos à base de maionese e queijos amarelos e gordurosos;

- Utiliza frutas na preparação de sobremesas;

- Evite servir petiscos gordurosos como salgadinhos e snacks. Prefira oleaginosas como castanha do Brasil, macadâmia, noz, avelã e amêndoa;

- Não participe da ceia com muita fome. Antes realize um lanche leve composto por frutas e cereais integrais;

- Mastigue bem os alimentos. Quem come muito rápido, além de apresentar uma digestão mais demorada, deixa de saborear o alimento e acaba ingerindo uma quantidade maior;

- Lembre-se que o mais importante nesta época é estar com a família e os amigos e não a refeição;

- Não exagere nas bebidas alcoólicas. Brinde com uma taça de champagne e no resto da noite priorize o consumo de água e sucos naturais.


Fonte: www.gettyimages.com.br

Mas se você deixar de seguir as dicas acima, não desista, persista. Coloque como uma meta para o próximo ano!! Mas cumpra, não deixe apenas como mais um desejo para 2011 e boas festas!!

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Posted in Nutrição Estética, Nutrição Funcional, Nutrição na Terceira Idade

Tags: alimentação saudável ano novo ceia compras

Nutrição e longevidade
30 de agosto de 2010
Fonte: www.gettyimages.com.br

O mundo vivencia a transição demográfica, que hoje, caracteriza-se pela queda nos coeficientes de fecundidade e de mortalidade. Esse fenômeno se associa às melhores condições de viver e ao avanço do conhecimento científico e da tecnologia.

O aumento da expectativa de vida demanda o surgimento de novas formas de cuidados e amplia a adoção de medidas preventivas eficazes na redução ou retardo de disfunções e doenças associadas ao processo de envelhecimento.

Em todas as áreas de saúde é possível perceber as mudanças e conquistas obtidas a fim de proporcionar maior qualidade de vida aos indivíduos. Sendo assim, a Nutrição vem estabelecendo condutas para a promoção, recuperação e manutenção da saúde, por meio da adoção de práticas alimentares adequadas.

Os estudiosos utilizam a Nutrição como instrumento básico e eficaz no alcance do bem estar por meio de pesquisas que indicam fatores biopisicossociais que interferem no estado nutricional e na forma de alimentar-se ao longo dos anos.

Diversos problemas de relevância nutricional são observados em indivíduos idosos, uma vez que o envelhecimento fisiológico leva ao declínio de diversas funções orgânicas que podem comprometer a ingestão adequada de alimentos e o aproveitamento dos nutrientes. Agrava esse fato a utilização de medicamentos, a inatividade física e o isolamento social que acompanham alguns indivíduos.

É notável a importância da alimentação saudável e a diminuição do consumo alimentar na longevidade humana. Já dizem os estudiosos: “Coma menos, bem menos e viva mais”. A redução da ingestão total de calorias da dieta, de 10 a 50%, é suficiente para ampliar a esperança de vida e aumentar a qualidade de vida.

A teoria proposta pela “Dieta da longevidade” se baseia em diversas experiências realizadas desde os anos 1930 em laboratórios. Ratos que foram submetidos a uma dieta calórica extremamente baixa viveram até 50% mais tempo que outros ratos mais bem alimentados. Não só viveram mais mas também mantiveram aparência mais jovem por mais tempo além de serem mais ativos em idade avançada. Mas, os efeitos de uma dieta com baixas calorias em seres humanos ainda é motivo de controvérsias.

A restrição calórica reduz o acúmulo de mutações no DNA típicas do envelhecimento, retardando o aparecimento de doenças crônicas. Porém cuidado, reduções muito severas podem comprometer a saúde e trazer consequências deletérias ao organismo. Portanto, cuidado ao seguir dietas muito rigorosas, o importante é manter o equilíbrio!!

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Tags: alimentação longevidade nutrição

O que é estresse oxidativo?
26 de agosto de 2010 O estresse oxidativo pode ser definido como o desequilíbrio entre a formação e remoção de agentes oxidantes no organismo, decorrente da geração excessiva de espécies reativas de oxigênio (EROs) e/ou diminuição de antioxidantes endógenos.

Os radicais livres, como o ânion superóxido, hidroxila, alcoxila, peroxila, hidroperoxila, são quaisquer espécies químicas que contenham um ou mais elétrons não emparelhados em seu orbital eletrônico mais externo, ao passo que as EROs são quaisquer espécies oxidantes altamente reativas, inclusive os radicais livres. Exemplos de EROs não radicalares são o peróxido de hidrogênio, ácido hipocloroso, ozônio, oxigênio singlet e peróxidos lipídicos: todos capazes de induzir a produção de radicais livres no nosso organismo.

As EROs são formadas em diversas situações no organismo como, por exemplo, na síntese de ácidos nucléicos, na destoxificação de xenobióticos, na atividade de células do sistema imunitário, como resposta do processo inflamatório e, na transdução de sinais celulares. Mas, o mecanismo mais relevante da produção das EROs é o nosso metabolismo energético, a nossa respiração, ou seja, essas substâncias são inerentes à vida.

O estresse emocional, a elevada ingestão de ácidos graxos trans, a contaminação por metais pesados, o alto consumo de bebidas alcoólicas, a prática desregrada de atividade física, o consumo exagerado de medicamentos e a exposição a poluentes e toxinas ambientais são fatores determinantes para o aumento da produção de EROs.

O excesso de EROs proporciona diversos prejuízos no organismo, desde envelhecimento a patologias crônico não transmssíveis, além de doenças auto-imunes. Essas substâncias reagem com nossas estruturas celulares, danificando-as: comprometem nosso equilíbrio orgânico e favorecem o aparecimento das doenças.

Portanto, devemos garantir que nosso organismo elimine o excesso dessas substâncias deletérias e para isso, contamos com um sistema antioxidante. E, para este sistema ser eficiente, dependemos de diversos nutrientes e substâncias bioativas, dentre os quais se destacam vitamina E, vitamina C, ácido lipoico, coenzima Q10, beta caroteno, zinco, selênio, cobre, ferro, manganês e flavonóides. Mais uma vez, todos devem estar em equilíbrio! O excesso de ferro, vitamina E e cobre, por exemplo, ao invés de favorecer uma defesa antioxidante eficiente, favorecem o aumento de EROs!

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Tags: doenças crônico não transmissíveis estresse oxidativo metabolismo energético radicais livres

Nutrição e memória
7 de junho de 2010
Fonte: www.gettyimages.com.br
A alimentação saudável fornece uma variedade de nutrientes fundamentais para o bom funcionamento cerebral, inclusive estimulando a nossa capacidade de memorização. Estudos apontam que a alimentação desde o nascimento é fundamental para um bom desempenho do nosso cérebro. E por isso, a amamentação materna é ponto chave para o desenvolvimento cognitivo.

Não existe um consenso nos estudos sobre determinados alimentos que possam ajudar a prevenir perdas cognitivas e de memória, mas existem alguns nutrientes que parecem ter funções importantes, e é a partir destas informações que devemos buscar alimentos fontes destes nutrientes, sendo que o seu consumo deve ser diário. São eles:

- Vitamina C: combate os radicais livres que podem danificar os neurônios cerebrais. Presente em frutas cítricas e vegetais frescos
- Vitamina E: antioxidante que possui ação benéfica contra doenças vasculares cerebrais. Presente em óleos vegetais e oleaginosas
- Vitamina A e beta-caroteno: antioxidantes que regulam a expressão de genes. Presentes em carnes, ovos e vegetais verdes escuros e amarelo-alaranjados
- Folato: co-fator de reações que influenciam o desempenho cognitivo. Presente em vegetais verde escuros e feijões
- Vitamina B6: co-fator de reações que influenciam o desempenho cognitivo. Presentes em carnes e cereais integrais
- Vitamina B12: co-fator de reações que influenciam o desempenho cognitivo. Presente em carnes, ovos e leite
- Ácidos graxos poli-insaturados: regulam a função energética cerebral; componentes da estrutura das células nervosas e da bainha de mielina que auxilia na rapidez com que as informações são transmitidas de uma célula à outra. Presentes em azeite de oliva, óleo de canola e linhaça
- Colina: precursora da fosfatidilcolina que é importante na sinalização celular; associada com melhora da função cognitiva. Presente no ovo e semente de mostarda
- Ferro: sua deficiência diminui o fornecimento de energia e oxigênio ao cérebro. Presente em carnes, feijões e vegetais verde escuros
- Boro: sua deficiência diminui a atividade cerebral e o desempenho cognitivo. Presente em oleaginosas, frutas secas e feijões
- Zinco: retarda o envelhecimento cerebral. Presente em carnes, cereais integrais, feijões e soja

Portanto, para o bom funcionamento cerebral é essencial uma boa nutrição!! Mas não se esqueça: o consumo desses alimentos deve ser diário para que suas propriedades sejam aproveitadas..

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Tags: cérebro dieta memória nutrição

Efeitos do Tribulus terrestris: muito além do desempenho sexual
28 de maio de 2010 O Tribulus terrestris é uma planta de origem indiana que tem recebido atenção pelo seu emprego na melhora do desempenho sexual, associado ou não à disfunção erétil e ainda para incrementar performance atlética. Isso porque seus princípios ativos – saponinas esteroidais e protodioscina – promovem maior síntese de testosterona, hormônio predominantemente masculino, associado ao aumento de libido e massa muscular, além de provocar maior vasodilatação, o que pode explicar seus efeitos sobre a ereção.

Um estudo promovido no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro demonstrou que o emprego desse fitoterápico proporcionou uma melhora significativa de até 65% no desempenho sexual dos 45 participantes da pesquisa.

Cabe ressaltar que a planta pode ser utilizada em ambos os sexos. Em mulheres, o Tribulus terrestris promove um aumento da concentração de hormônios, incluindo o estradiol, com alteração discreta da testosterona, acarretando em melhoria da função reprodutora, libido e ovulação.

O Tribulus terrestris possui ainda propriedade de reduzir os níveis de colesterol e triglicerídeos, diminuindo o risco de doenças cardíacas, além de uxiliar na manutenção da massa óssea e aumento da imunidade. Por isso, pode ser indicado para idosos para tratamento de artrites, artroses, fraqueza muscular e fadiga crônica.

Até o momento não há registros de efeitos colaterais decorrentes da utilização desse fitoterápico, entretanto, é interessante “ciclar” o consumo do Tribulus terrestris.

As doses de segurança e o tempo de utilização são individualizados, portanto procure seu nutricionista para avaliação adequada!

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Tags: desempenho sexual performance tribulus terrestris

A alimentação no climatério
20 de abril de 2010
Fonte: www.gettyimages.com.br

O climatério é a fase em que ocorre a transição do período reprodutivo da mulher para o período não fértil e, acontece em decorrência da diminuição da produção de hormônios pelos ovários. Os efeitos colaterais dessa queda hormonal são muitos como, por exemplo, ondas de calor, alterações urogenitais e de humor e maior risco de desenvolvimento de osteoporose.

Contudo, os efeitos da queda hormonal podem ser minimizados com uma alimentação balanceada. Isso porque certos tipos de alimentos ajudam na modulação de reações bioquímicas do organismo. A dica principal é optar pelos que possuem ação estrogênio-símile, como as isoflavonas encontradas na soja; o resveratrol presente nas uvas roxas, no açaí, na jabuticaba e na amora; as lignanas encontradas na linhaça.

Para a manutenção de um metabolismo ósseo saudável, a dieta deve ser rica em resíduos alcalinos. Um fator muito importante, já que a menopausa favorece a diminuição da densidade óssea. É necessário entender que isso acontece pela redução do pH sanguíneo. Se o sangue fica com o pH menor que 7,35 favorece a diminuição da microarquitetura óssea, causando a osteoporose.

A boa notícia é que a doença pode ser controlada por três grandes aliados: os vegetais, as frutas e os cereais integrais. É válido destacar que o brócolis, o agrião, a rúcula e a couve-manteiga são excelentes pedidas. E quem acha que o leite é recomendado neste caso, se engana. Ele é uma ótima fonte de cálcio porém, para ser absorvido, depende da presença de magnésio e o leite não é boa fonte de magnésio. O magnésio seria como “um porteiro” nas nossas células. Portanto, se tivermos bastante cálcio, mas pouco magnésio, não há garantia de formação de massa óssea. No leite, a biodisponibilidade (disponível para a absorção) de cálcio é de 32%, enquanto que em vegetais em tons verde escuro fica entre 50% e 61%.

Quanto aos fogachos ou ondas de calor, em diversos estudos a soja e a linhaça também se mostraram ótimas aliadas na diminuição desse sintoma.

Portanto, durante esta fase da vida, as mulheres devem continuar optando por uma dieta equilibrada, saudável e colorida! O mais natural possível! Dessa forma, consegue-se bem estar e qualidade de vida!

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Tags: climatério dieta menopausa nutrição

O sódio e a pressão arterial
16 de abril de 2010
Fonte:www.gettyimages.com.br
O sal de cozinha é formado principalmente por cloreto de sódio (NaCl) e era, até pouco tempo atrás, um importante conservante alimentar. Em séculos passados sua importância para este fim era ainda maior, a tal ponto que foi até mesmo usado como forma de pagamento no período romano, sendo esta a origem da palavra “salário”.

A maior fonte de sódio que consumimos está na forma de cloreto de sódio (sal) que é um mineral necessário para manter o balanço de água do organismo e auxiliar os músculos e nervos a funcionarem apropriadamente. Este sódio também possui papel na regulação da pressão arterial.

Além disso, o sal que consumimos é iodado, com o objetivo de prevenir os chamados distúrbios por deficiência de iodo, abortos prematuros e retardos mentais. O iodo forma os hormônios tireoidianos, que são essenciais para estimular o gasto de calorias pelo organismo.

Embora seu papel seja importante, a quantidade real de sódio que necessitamos diariamente é muito pequena (cerca de 1500 miligramas por dia, ou aproximadamente 1/2 colher de chá de sal de cozinha). Também sabemos que o desejo para o sal nos alimentos é adquirido durante a vida, e da mesma forma que aprendemos a apreciar este sabor, podemos desaprendê-lo.

O sódio é encontrado em muitas outras formas e ocorre naturalmente nos alimentos. Ele e o sal são encontrados naturalmente no leite, carnes e certos vegetais. Também é adicionado a alimentos como pães, cereais e alimentos industrializados, como enlatados e congelados. Outros compostos contendo sódio, como conservantes ou flavorizantes, adicionados aos alimentos durante o processamento, preparo ou à mesa podem também contribuir para o conteúdo alto de sódio na dieta. O sódio também faz parte de outras misturas usadas para dar sabor e preservar alimentos. Você pode fazer algumas mudanças simples para consumir menos sal, e deste modo prevenir o aumento da pressão arterial:

Quando fizer compras:

Compre frutas e vegetais para lanchar ao invés de biscoitos e salgadinhos.
Leia o rótulo dos alimentos. Compre alimentos nos quais o rótulo diz “sódio reduzido”, “baixo teor de sódio”, “sem sódio” ou “sem adição de sal”.
Evite os alimentos enlatados e processados como salsicha, salame, presunto, sopas enlatadas e picles. Além do sódio, estes alimentos são ricos em aditivos alimentares que dão muito trabalho para o organismo processar.
Quando cozinhar:

A cada dia diminua um pouco a quantidade de sal que adiciona à comida. Em breve você se acostumará a ingerir menos sal.
Use temperos naturais ao invés de sal. Tempere sua comida com ervas e temperos como pimenta, menta, cominho ou hortelã. Estes alimentos são potentes antioxidantes que, dentre outras funções, favorecem o processo de vasodilatação, essencial para o controle da pressão arterial.
Utilize alho e cebola em pó ao invés de alho e cebola salgados.
Evite consumir caldos de carne e afins, molho shoyu e ketchup que, além de serem ricos em sódio, possuem outros aditivos alimentares que sobrecarregam o metabolismo hepático.
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Tags: dieta hipertensão nutrição sal

Sejam bem vindos
8 de abril de 2010 Atualmente, sabe-se da importância da alimentação para se ter qualidade de vida. Logo, torna-se imprescindível oferecer informações claras e objetivas sobre como as pessoas devem proceder em relação a sua Nutrição.

Muitos vivem no limiar entre a saúde e doença: quem não tem uma unha fraca? Ou um cabelo quebradiço? Ou uma pele seca… enfim, esses pequenos problemas que podem nos incomodar com frequência não significa, de forma alguma, saúde e, quando não tomamos providência, estes primeiros sinais podem tomar uma proporção tamanha que, inevitavelmente, temos de buscar tratamentos médicos. Portanto, vamos no caminho inverso: Na filosofia do SigaSuaDieta trabalhamos modelo de bem estar e, assim, vamos em direção a saúde. É importante lembrar que saúde não é meramente ausência de doença mas, o alcance do nosso equilíbrio físico, mental e emocional.

O SigaSuaDieta traz o que tem de melhor em informação quando o assunto é Nutrição. Nosso objetivo é divulgar este tema, de forma prática e objetiva, de maneira que possamos realmente aplicá-lo em nosso cotidiano, melhorando nosso rendimento, saúde e qualidade de vida. Seja bem vindo!

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Tags: dieta nutrição saúde sigasuadieta


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Prevalência de doenças crônicas e estado
nutricional em um grupo de idosos
brasileiros

The prevalence of chronic disease in a group of elderly Brazilian
people and their nutritional status

Christiane Leite-Cavalcanti1, Maria da Conceição Rodrigues-Gonçalves1,
Luiza Sonia Rios-Asciutti1 e Alessandro Leite-Cavalcanti2

1 Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil. chris_tiane2006@hotmail.com;
raulceica@ig.com.br; luiza.asciutti@terra.com.br.
2 Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, Paraíba, Brasil. dralessandro@ibest.com.br

Recebido em 4 Maio 2009/Enviado para Modificação em 7 Novembro 2009/Aprovado em 15 Novembro 2009

RESUMO

Objetivo Avaliar a prevalência de doenças crônicas e o estado nutricional de um
grupo de idosos do município de João Pessoa, PB, Brasil.
Método Foram avaliados 117 idosos com idades entre 60 e 89 anos atendidos nos
Centros de Referência e Cidadania. O instrumento de pesquisa compreendeu um
questionário e incluía variáveis sócio-demográficas, sócio-econômicas,
comportamentos relacionados à saúde e antropométricas. Os resultados foram
organizados com o Software SPSS, sendo apresentados por meio da estatística
descritiva (média e desvio-padrão, freqüências absoluta e percentual).
Resultados Em relação ao uso do tabaco e do álcool, 4,3 % e 9,4 %, respectivamente,
afirmaram fazer uso destas substâncias e 56,4 % reportaram não praticar atividade
física. Da amostra, 78,6 % utilizam medicamentos e 82,1 % afirmaram possuir alguma
doença crônica não-transmissível, sendo mais freqüentes a hipertensão arterial
(56,4 %), as dislipidemias (33,3 %) e o diabetes mellitus (20,5 %). Segundo a
classificação do IMC, 46,2 % apresentavam sobrepeso e 40,2 % obesidade grau,
enquanto em relação ao RCQ, 97,4 % foram classificados como obesos abdominais.
Conclusão A prevalência de doenças crônicas foi elevada, principalmente a hipertensão
arterial, com a maioria dos idosos sendo classificados como obesos abdominais,
com risco muito alto para desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Palavras-Chave: Avaliação nutricional, Saúde do idoso institucionalizado, Sobrepeso,
Obesidade (fonte: DeCS, BIREME).

ABSTRACT

Objective Evaluating the prevalence of chronic disease in a group of elderly people
living in the city of João Pessoa, PB, Brazil and their nutritional status.
Method 117 subjects aged 60 to 89 attending local Reference and Citizenship Cen-
tres were evaluated. The research instrument used was a questionnaire addressing

865

REVISTA DE SALUD PÚBLICA · Volumen 11(6), Diciembre 2009

socio-demographic, socioeconomic and anthropometric variables and health-related
behaviour. The data so collected was organised using SPSS statistical software and
presented via descriptive statistics (mean and standard deviation, and absolute and
percentage frequencies).
Results 4.3 % and 9.4 % of the subjects admitted using tobacco and alcohol, respec-
tively. 56.4 % did not engage in any physical activity. As many as 78.6 % used medica-
tions and 82.1 % admitted to suffering from some non-transmissible chronic disease,
the most frequent being hypertension (56.4 %), dyslipidaemia (33.3 %) and diabetes
mellitus (20.5 %). According to body mass index (BMI) classification, 46.2 % were
overweight and 40.2 % presented degree I obesity. Regarding the waist-to-hip ratio
(WHR), abdominal obesity was diagnosed in 97.4 % of the elderly in the study.
Conclusion The prevalence of chronic disease, especially hypertension, was high in
the studied population. Most institutionalised elderly were classified as suffering from
abdominal obesity, representing an extremely high risk of developing cardiovascular
disease.

Key Words: Nutritional assessment, health services for the institutionalised elderly,
overweight, obesity (source: MeSH, NLM).

RESUMEN
Prevalencia de enfermedades crónicas y estado nutricional en un grupo de personas de
edad avanzada, de Brasil

Objetivo Evaluar la prevalencia de enfermedades crónicas y el estado nutricional de grupo de
personas de edad avanzad, del muncipio João Pessoa, PB, Brasil.
Método Se evaluaron 117 personas con edades entre 60 y 89 años, atendidos en los Centros de
Referencia y Ciudadanía. Se utilizó un cuestionario que incluía variables socio-demográficas,
socio-económicas, comportamientos relacionados con las salud y antropométricas. Los resultados
fueron organizados con el software SPSS y se presentaron por medio de estadísticas descriptivas
(frecuencias absolutas y proporcionales, medias y desviaciones).
Resultados En relación con el consumo de tabaco y del alcohol, 4,3 y 9,4 % respectivamente
afirmaron utilizar estas sustancias y 56,4 % reportaron no hacer actividad física. Del total, 78,6 %
utilizan medicamentos y 82,1% afirmaron tener alguna enfermedad crónica no transmisible, más
frecuentes la hipertensión arterial (56,4 %), las dislipidemias (33,3 %) y la Diabetes mellitus (20,5
%). Con la clasificación del IMC, 46,2 % presentaron sobrepeso y 40,2 % obesidad, mientras que
en relación con RCQ, 97,4 % fueron clasificados como obesos abdominales.
Conclusiones La prevalencia de enfermedades crónicas fue elevada, principalmente la
hipertensión arterial, con la mayoría de quienes la presentaron clasificados como obesos
abdominales, con alto riesgo de desarrollo de enfermedades cardiovasculares.

Palabras Clave: Evaluación nutricional, salud del anciano institucionalizado, sobrepeso, obesidad
(fuente: DeCS, BIREME).

Alayón - Complicaciones crónicas
Leite - Doenças crônicas

867

O

envelhecimento da população é um fenômeno de amplitude mundial, posto
que a World Health Organization (WHO) prevê que em 2025 existirão 1,2
bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo que os muito idosos (com
80 ou mais anos) constituem o grupo etário de maior crescimento (1).

Todavia, esse processo ganha maior importância nos países em desenvolvimento,
com o crescimento acelerado da população de sessenta anos e mais em relação
à população geral. Aumentos de até 300% da população idosa são esperados
nesses países, especialmente nos que integram a América Latina (2). No Brasil,
o aumento da população idosa vem ocorrendo de forma muito rápida, sem a
correspondente modificação nas condições de vida (3).

São considerados idosos, nos países em desenvolvimento, os indivíduos com
faixa etária igual ou superior a 60 anos de idade enquanto que nos países
desenvolvidos o recorte etário é de 65 anos. Em relação ao Brasil, a Lei de n°
8.842/94, em seu artigo 2º, parágrafo único, refere que “são consideradas idosas
as pessoas maiores de 60 anos, de ambos os gêneros, sem distinção de cor, etnia
e ideologia” (4).

Vários são os meios de melhorar a qualidade de vida daqueles que estão no
processo de envelhecer, dentre os quais se inclui o desenvolvimento de programas
de saúde. Esses programas de saúde, que têm como base à comunidade e que
implicam promoção da saúde do idoso, devem ter a nutrição como uma das
áreas prioritárias (3).

A condição de nutrição é aspecto importante nesse contexto, visto que os
idosos apresentam condições peculiares que comprometem seu estado nutricional.
Alguns desses condicionantes ocorrem devido às alterações fisiológicas do próprio
envelhecimento, enquanto outros são acarretados pelas enfermidades presentes,
pelas práticas ao longo da vida (fumo, dieta, atividade física) e situação
socioeconômica (5,6).

A manutenção de um estado nutricional adequado é muito importante, pois, de
um lado, encontra-se o baixo-peso, que aumenta o risco de infecções e mortalidade,
e do outro o sobrepeso, que aumenta o risco de Doenças Crônicas Não-
Transmissíveis (DCNT), como hipertensão, diabetes mellitus e hiperlipidemias (7).

Com o fenômeno de envelhecimento populacional, aumenta, cada vez mais,
a necessidade de conhecimento dos fatores que incidem sobre a prevalência das
DCNT associadas à idade. Um exemplo disso é que taxas elevadas de sobrepeso

REVISTA DE SALUD PÚBLICA · Volumen 11(6), Diciembre 2009

e obesidade em todas as faixas etárias, incluindo os idosos, atingindo os dois
gêneros, estão sendo observadas no mundo inteiro (8).

O processo de envelhecimento populacional vem-se constituindo num dos
maiores desafios para a saúde pública contemporânea, principalmente nos países
onde esse fenômeno tem ocorrido em situações de pobreza e grande desigualdade
social (9). O delineamento de políticas específicas para pessoas idosas vem
sendo apontado como altamente necessário, sendo imprescindível o conhecimento
das necessidades e condições de vida desse grupo etário (10).

Com o aumento de pessoas acima dos 60 anos de idade, eleva-se a necessidade
de estudos que investiguem os comportamentos relacionados à saúde e o estado
nutricional para que as propostas de políticas de saúde causem impacto na qualidade
de vida desta população. Portanto, objetivando oferecer subsídios para o
planejamento local de ações de saúde, o presente estudo avaliou a prevalência
de doenças crônicas e o estado nutricional em um grupo de idosos do município
de João Pessoa, PB, Brasil.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, localizada
na região nordeste do Brasil. O município possui uma população de mais de 700 mil
habitantes e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,78.

Local do estudo
Esse estudo epidemiológico e transversal foi realizado nos Centros de Referência
e Cidadania (CRC), pertencentes à Secretaria do Desenvolvimento Social (SEDES),
da Prefeitura do Município de João Pessoa, PB. Esses centros constituem-se em
espaços privilegiados voltados à valorização dos idosos, com o desenvolvimento de
atividades de lazer, trabalhos manuais, noções de saúde e o exercício da cidadania.
Existem dez centros, distribuídos em diferentes bairros do Município, dos quais
nove foram incluídos na pesquisa.

População estudada
De um total de 224 idosos de ambos os gêneros, com idade entre 60 a 87 anos, 117
(52,2%) concordaram em participar da pesquisa, sendo a amostra do tipo não
probabilística.
Foram excluídos do estudo os idosos que apresentavam alterações de ordem
neurológica que os impossibilitassem de compreender os objetivos do estudo e/ou
alterações físicas que impossibilitassem a verificação das medidas antropométricas.

Leite - Doenças crônicas
Alayón - Complicaciones crónicas

869

Esta pesquisa foi norteada segundo a Resolução 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde do Brasil e segue os princípios da Declaração de Helsinque, sendo
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal da Paraíba – CEP/CCS, sob o nº 680/06.

Instrumento de Pesquisa e Variáveis
Para a caracterização dos idosos, o instrumento de pesquisa compreendeu um
questionário individual e incluíam as seguintes variáveis: características sócio-
demográficas (gênero, idade e estado civil), comportamentos relacionados à saúde
(ingestão de bebida alcoólica, hábito de tabagismo, prática de atividade física, uso
de medicamentos, presença e número de doenças crônicas) e antropométricas
(peso, estatura, circunferência da cintura e do quadril).

Avaliação Antropométrica

A coleta de dados foi realizada no período de março a maio de 2007, nos próprios
centros onde os idosos eram cadastrados, por um único pesquisador. A avaliação
antropométrica foi feita a partir da obtenção das medidas de peso, altura e
circunferências de cintura e de quadril (11).

O peso foi verificado utilizando-se uma balança digital (Tech Line TEC-130,
capacidade para 136 kg e intervalo de 100 g), com o indivíduo descalço e, com
roupas leves. A estatura foi verificada usando-se estadiômetro (Sanny ES 2040,
tipo trena com 220 cm) com o indivíduo ereto e com os calcanhares alinhados.
Foi utilizado o Índice de Massa Corpórea (IMC) considerando-se a razão peso
atual (kg)/quadrado da estatura (m²), baseando-se nos pontos de corte previamente
descritos na literatura (12).

As circunferências da cintura (CC) e do quadril (CQ) foram verificadas com
o auxílio de uma Fita de Medidas Antropométricas, (Sanny, com 200cm, divisão
de 1 mm). A CC foi medida na cintura natural, ou seja, entre as costelas inferiores
e as cristas ilíacas; com a leitura feita no momento da expiração, e realizou-se no
milímetro mais próximo. A CQ foi verificada no nível da sínfise púbica com a fita
circundando o quadril na parte mais saliente entre a cintura e a coxa. A razão
cintura/quadril e a CC foram utilizadas como prognóstico de determinação para
risco de doença coronariana e cardiovascular (13).

REVISTA DE SALUD PÚBLICA · Volumen 11(6), Diciembre 2009

Análise Estatística

Os resultados obtidos foram organizados com o auxílio do Software SPSS (Sta-
tistical Package for the Social Sciences) versão 10.0. Para a descrição das variáveis
contínuas utilizou-se a média aritmética, com seu respectivo desvio-padrão, e
para as variáveis categóricas, a freqüência absoluta e percentual.

RESULTADOS

Em relação à caracterização dos idosos, a maioria compreendia mulheres (94,0
%), com idades entre 60 e 69 anos (55,5 %) e casadas (35,9 %), conforme pode
ser visto na Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição dos idosos segundo as variáveis
sóciodemográficas. João Pessoa/PB, Brasil, 2007

Quando investigados sobre o uso do tabaco, apenas 4,3 % dos idosos
informaram possuir este hábito. Em relação ao uso do álcool, 9,4 % relataram
utilizá-lo. A prática regular de atividade física foi descrita por 43,6 % dos idosos
(Tabela 2).

Em relação ao estado de saúde, 78,6 % dos idosos relataram utilizar algum
tipo de medicamento e 82,1 % afirmaram possuir alguma doença crônica não-
transmissível. Dentre aqueles que relataram ser portadores, a maioria (37,6 %)
informou ter uma única patologia crônica não-transmissível.

Alayón - Complicaciones crónicas
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Tabela 2. Distribuição dos idosos segundo os hábitos de tabagismo,
ingestão de álcool e prática de atividade física
João Pessoa/PB, Brasil, 2007

Tabela 3. Distribuição dos idosos segundo o uso de medicamentos,
presença e número de doenças crônicas não-transmissíveis existentes
João Pessoa/PB, Brasil, 2007

Em relação ao tipo de doença crônica não-transmissível existente, as mais
recorrentes foram a hipertensão arterial (56,4 %), seguida de dislipidemias (33,3 %)
e Diabetes mellitus (20,5 %), conforme demonstrado na Tabela 4.

Tabela 4. Distribuição dos idosos segundo o tipo de doença crônica
não-transmissível existente. João Pessoa/PB, Brasil, 2007

(1)

Podia ser registrado mais de 1 tipo de doença crônica.

REVISTA DE SALUD PÚBLICA · Volumen 11(6), Diciembre 2009

Em relação ao peso e à estatura da amostra, observou-se que o peso médio
dos idosos foi de 69,3kg, enquanto a estatura foi de 1,49 metros. Quanto ao IMC,
a média foi de 30,98kg/m2, sendo a circunferência de cintura de 99,08cm e a
circunferência de quadril de 105,69cm. O RCQ foi de 0,93 (Tabela 5).

Tabela 5. Características antropométricas dos idosos
João Pessoa/PB, Brasil, 2007

Segundo a classificação do IMC, 46,2 % dos idosos apresentavam sobrepeso
e 40,2 % obesidade grau I. Em relação ao RCQ, 97,4 % dos mesmos foram
classificados como obesos abdominais, com risco muito alto para desenvolvimento
de doenças cardiovasculares, conforme demonstrado na Tabela 6.

Tabela 6. Distribuição dos idosos segundo a classificação do IMC e da RCQ
João Pessoa, 2007

DISCUSSÃO

A escolha dos Centros de Referência de Cidadania para a coleta dos dados
deveu-se ao fato de que os mesmos se constituem em unidades de atendimento
a população, incluindo a população idosa do município de João Pessoa e que
estão envolvidos em ações que possibilitam e estimulam a participação popular.
São espaços que realizam as atividades dos programas sociais em execução e a
mobilização comunitária para o exercício da cidadania ativa. Portanto, os resultados
aqui descritos descrevem a prevalência de doenças crônicas e o estado nutricional
de um grupo específico de idosos.

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A análise da distribuição dos idosos segundo o sexo revelou que a maior parte
era composta por idosas do sexo feminino, semelhante ao verificado por outros
pesquisadores no Brasil (3,14) e na Colômbia (15). Outra importante consideração
deve-se ao fato de que como o estudo foi realizado em Centros de Referência é
possível que esta predominância das mulheres seja devido ao fato de que há uma
maior procura das mesmas pelo serviço. O contingente feminino aumenta de
maneira mais expressiva que o masculino, pois as mulheres vivem, em média,
oito anos a mais que os homens (16).

Corroborando estudos prévios (17,18), verificou-se predomínio de uma
população idosa “jovem” no Brasil, situada na faixa de 60 a 69 anos, aspecto que
influencia o seu perfil de saúde, visto que pessoas muito idosas são geralmente
mais frágeis e demandam serviços de maior complexidade (19).

Em relação aos hábitos de vida, apenas 4,3 % dos idosos afirmaram ser
fumantes, enquanto que em relação ao consumo de álcool menos de 10% da
amostra relataram a ingestão desta substância. O tabagismo é a principal causa
de mortalidade em todo o mundo (20).

A maioria dos idosos deste estudo relatou não praticar nenhum tipo de atividade
física. É cediço que a prática de atividade física regular diminui o risco de
desenvolver doenças crônicas não-transmissíveis, além de produzir um bem-
estar físico e mental (21). Deste modo, as pessoas podem manter-se saudáveis
depois dos 70, 80 e 90 anos se tiverem uma alimentação equilibrada, mantiverem
uma prática regular de atividade física e não fumarem (22).

O uso de medicamentos foi bastante elevado, com um percentual da amostra
utilizando 3 ou mais medicamentos simultaneamente. Os idosos costumam utilizar
muito mais medicamentos do que pessoas de outra faixa etária; assim, estão
mais propensos a sofrer seus efeitos adversos, incluindo as interações
medicamento-alimento (23,24).

Quando questionados sobre a presença de alguma doença crônica não-
transmissível, 82,1 % afirmaram ter ao menos uma doença crônica, corroborando
achados prévios (25,26), sendo que 37,6 % relataram possuir uma única doença
crônica não-transmissível. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística inquéritos populacionais realizados no país demonstram que a maioria
dos idosos (80 %) apresenta pelo menos uma doença crônica, e uma significativa
parcela, 33%, três ou mais agravos (27).

REVISTA DE SALUD PÚBLICA · Volumen 11(6), Diciembre 2009

Os dados deste estudo são sugestivos da influência do excesso de peso como
fator de risco para a hipertensão, pois mais de 56 % da amostra possuíam esta
condição. Corroborando estes achados a literatura revela associação entre o
excesso ponderal e o nível de pressão arterial aumentado (28,29). Portanto, a
influência adversa que a obesidade exerce em relação à pressão arterial, ao
metabolismo da glicose e lipídeos sanguíneos pode levar ao aparecimento de
desordens crônicas nas diversas fases da vida (6,30,31,32). Desta forma os dados
encontrados nesse estudo, alertam para esse potencial problema.

Outra variável de fundamental importância para conhecer o perfil nutricional
de uma população diz respeito ao IMC. Problemas nutricionais estão associados
ao aumento da morbidade e mortalidade e com impacto negativo na qualidade de
vida entre idosos. Vários pesquisadores têm sugerido a utilização do IMC em
estudos para investigar a relação entre sobrepeso e baixo peso com o risco de
mortalidade (33).

Na população estudada, a elevada prevalência de sobrepeso e de obesidade,
com valores médios de IMC de 30,98±3,32 kg/m2, constitui-se fator de risco
para a saúde destes idosos, uma vez que valores elevados de IMC podem estar
associados a altas taxas de morbidade e mortalidade e uma pior qualidade de
vida (34), estando, portanto, em concordância com achados prévios (7,35). Deste
modo, idosos com IMC elevado estão mais propensos a apresentarem uma
freqüência maior de doenças crônicas não-transmissíveis (15).

O perfil nutricional dos idosos brasileiros a partir dos dados da Pesquisa Nacional
sobre Saúde e Nutrição - PNSN/1989 revelou uma prevalência de sobrepeso, o
que vem sendo demonstrado em diferentes estudos onde a desnutrição, o sobrepeso
e a obesidade predominam sobre os indivíduos eutróficos (6).

A razão cintura/quadril tem sido usada em estudos populacionais como preditora
dos riscos de doenças cardiovasculares (36). Os resultados de RCQ
demonstraram-se elevados na quase totalidades dos indivíduos estudados, sendo
que os valores médios encontrados foram de 0,97±0,10 cm e 0,93±0,07 cm para
homens e mulheres, respectivamente. Esses dados sugerem uma alta predisposição
desta população a desenvolver doenças crônico não-transmissíveis, visto que o
acúmulo de gordura na região abdominal apresenta estreitas relações com doenças
cardiovasculares (7).

Quanto à CC, os valores médios encontrados para ambos os sexos foram
acima do recomendado (13). A obesidade e, particularmente, a localização ab-

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dominal de gordura tem grande impacto sobre as doenças cardiovasculares por
associarem-se com grande freqüência a condições tais como dislipidemias,
hipertensão arterial, resistência à insulina e diabetes, que favorecem a ocorrência
de eventos cardiovasculares, particularmente os coronarianos. Independentemente
do sobrepeso, a gordura abdominal é importante fator de risco para essas condições
(37,38,39).

Uma questão importante abordada sobre obesidade, e que merece atenção,
diz respeito ao direcionamento da informação: excesso de peso é sempre danoso
à saúde. A detecção precoce de eventual alteração do estado nutricional de uma
população é essencial para o desenvolvimento de trabalhos preventivos ou de
intervenção terapêutica, evitando o desenvolvimento de doenças no futuro.

Considerando-se que a estruturação das políticas públicas de saúde deve
estar fundamentada no diagnóstico de problemas específicos, espera-se que os
resultados do presente estudo possam subsidiar programas de promoção,
prevenção e atenção ao idoso. Por meio de esforços conjuntos pode-se empenhar
numa luta pela diminuição do impacto da desigualdade social e pelo direito de
todos ao acesso a melhores condições de vida e saúde, de modo a se garantir um
envelhecimento saudável.

A despeito da importância dos achados uma vez que se constitui na primeira
caracterização da população acima de 60 anos, é relevante destacar algumas
limitações deste estudo. A principal e mais importante limitação é o fato de a
pesquisa ter sido feita em centros de referência, de modo que apenas aqueles
idosos que estavam cadastrados foram examinados, não possibilitando extrapolar
os resultados para toda a população idosa do município de João Pessoa. Outro
aspecto se reporta à seleção dos sujeitos pesquisados que foi uma amostragem
do tipo não probabilística. Esse tipo de amostragem oferece boas estimativas
sobre os parâmetros da população, mas não permite fazer inferências/
generalizações sobre toda a população.

A partir dos resultados obtidos, sugere-se que estudos semelhantes sejam
realizados periodicamente, em diversas cidades brasileiras e também em outros
países, objetivando conhecer o estado nutricional da população idosa, para que
se possa intervir na prevenção de enfermidades e, consequentemente, na melhoria
da qualidade de vida desses indivíduos.

Os dados apresentados conferem à população estudada atenção especial,
principalmente para o controle do ganho de peso excessivo como fator de risco

REVISTA DE SALUD PÚBLICA · Volumen 11(6), Diciembre 2009

ou como conseqüência relativa às doenças crônicas não transmissíveis que podem
acarretar um grande impacto no estado nutricional. Por se tratar de um grupo
etário em rápido crescimento, as condições de saúde e nutricionais dos idosos
são imprescindíveis para o estabelecimento de ações mais efetivas no controle e/
ou prevenção dos fatores relacionados à saúde na terceira idade que resultam do
estilo de vida, principalmente em idosos considerados jovens