sábado, 1 de janeiro de 2011

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Geriatria - CIAPE
2008

Profa. Adriana Keller Coelho
adrianakeller@terra.com.br

Nutrição para Idosos

Sinais de Risco para Desnutrição: Determine.

Reduced social contact

Involuntary weight loss or gain

Needs assistance in self care

Elders above the age of 80

Risco de morrer no Brasil por Desnutrição durante a velhice:

71% maior do que nos Estados Unidos da América do Norte 32,13% do

que na Costa Rica

Óbitos por desnutrição em idosos entre 1980 e 1997: 36.955 .

64,9% do total ) foram registrados na região sudeste.

OTERO e cols. Rev Saúde Pública. 2002; 36(2).

Desnutrição em Idosos no Brasil

IBRANUTRI (CORREIA et al., 1998; WAITZBERG et al., 2001), estudo

multicêntrico, realizado em 25 hospitais distribuídos em 12 estados

brasileiros e no Distrito Federal.

envolvidos, 1.440 (36%) tinham 60 anos ou mais de idade. Mediante a

Dos 4.000 pacientes hospitalizados

ANSG, 52,8% dos pacientes idosos foram associados à maior prevalência

de desnutrição, comparados com aqueles eutróficos (44,7%)

Cordeiro & Moreira (2003), que avaliaram o estado nutricional de 23

mulheres idosas hospitalizadas na cidade de Curitiba – Paraná com o

objetivo de analisar a eficácia e a praticidade do método de ANSG.

Encontraram 65% de desnutrição no grupo estudado ao considerarem o

IMC e 70% utilizando o método de ANSG.

Coelho et al. (2006), estudo transversal com 197 idosos em uma Unidade

de Geriatria em Belo Horizonte. A prevalência de desnutrição foi de 54,7%

segundo o IMC e ponto de corte do NSI e 29,7% segundo a WHO. A

presença de hipoalbuminemia, linfopenia e hipocolesterolemia indicou a

presença de desnutrição em 75,5%, 71,1% e 46,1% dos casos

respectivamente.

Possíveis causas das deficiências:

Fatores econômicos

Aspectos psicossociais

Saúde bucal

Uso de fármacos

Doenças crônicas

Desnutrição em Idosos no Mundo

Olmos et al. (2002), em estudo transversal, na Espanha, com 95 idosos

admitidos em um hospital geral, com o objetivo de conhecer a prevalência,

tipo e grau de desnutrição nesta população, utilizaram parâmetros

antropométricos, bioquímicos e imunológicos e detectaram alta prevalência

de DPC (78,9%) em diferentes graus

Mias et al. (2003) avaliaram 57 paciente idosos na Espanha e encontraram

que 89% dos pacientes estudados estavam desnutridos em diferentes

Asensio et al. (2004), em estudo prospectivo conduzido com idosos

admitidos em hospital universitário, em Madri, em 105 pacientes com 70

anos ou mais de idade, encontraram uma prevalência de desnutrição de

Martinez et al. (2004), na pesquisa transversal sobre prevalência e fatores

associados à desnutrição em 105 idosos hospitalizados em Madri, usaram

parâmetros antropométricos e bioquímicos e encontraram 51,7% de

prevalência de desnutrição

Ramos & Valverde (2005), em estudo transversal com 200 pacientes

idosos hospitalizados na Espanha, encontraram 50% de prevalência de

desnutrição, utilizando como critério de diagnóstico do estado nutricional o

1) Ausência de padronização:

Métodos de avaliação nutricional

Pontos de corte e referências

Estratos etários para idosos

2) Estudos nacionais e populacionais são escassos

Avaliação Clínica e Nutricional de Idosos

Obstáculos e Objetivos

Comportamento do Paciente

Auto Percepção da Saúde

Superestimam a saúde

Subestimam as doenças

Processo de envelhecimento ?

Comportamento da Doenças

Múltiplas patologias

Múltiplas queixas (QP ?)

O Ambiente e a Interação Profissional – Paciente

Relação de Confiança

Durante o Exame : - Ambiente sem ruídos

- Palavras claras

- Distância e Posição Adequada:

mímica facial; movimento dos lábios.

- Volume da voz.

- Iluminação adequada

- Permanecer ao lado do paciente

Estratégias para melhoria da relação Profissional-paciente:

1. Criar um ambiente favorável desde o início.

2. Tratar o paciente com respeito e consideração.

3. Cuidados com o paciente portador de déficit auditivo.

5. Cuidados com o paciente portador de déficit visual.

6. Dose o tempo para o exame de acordo com a gravidade do problema e a

tolerância do paciente.

7. Utilizar a equipe multidisciplinar, se esta estiver disponível.

8. Oferecer suporte ao cuidador.

Desafios da Geriatria

Prevenir, tratar e cuidar daqueles que constituem os problemas típicos das

pessoas de idade avançada, os chamados cinco is :

Instabilidade Postural

Incontinência

Insuficiência Cerebral

Alterações Fisiológicas do Envelhecimento Relacionadas à Alimentação

Redução na Sensação de Gosto, Cheiro, Visão, Audição e Tato

Hipogeusia / Disgeusia :

Neuropatias, IVAS, Drogas, Traumas, Menopausa,

Saúde Oral Precária

Diagnóstico: Avaliação das Queixas / Exame Oral / Função Olfatória

Tratamento: Zinco: 15 mg - 1 a 2 vezes/Dia / MSG / Flavors

Negligência com o Alimento e Hábito Alimentar

Perda do Apetite

Perda de Peso

1. Diminuição da Secreção Salivar

Sinais e Sintomas: Dificuldade de Mastigação e Deglutição

Substituição ou Redução do nível da Droga/ Drogas Alternativas

Deficiências Secretoras Basais: Pilocarpina 5 mg Oral 3 vezes/Dia

Doenças Auto-Imune: Prednisona 30 mg 4 vezes/Dia

Salivas Artificiais / Balas Duras sem Açúcar

Dietas com diferentes Texturas e Condimentos

Lavagens Bucais Freqüentes

2. Mastigação Dolorosa e Desagradável

Consumo de Alimentos mais Macios

Menor Quantidade Diária de Vit. A, C, Ác. Fólico e Fibras

Def. de Ác. Fólico , Ac. Ascórbico e Zinco:

Doença Periodontal - Avaliação Preventiva

3. Secreção Gástrica Diminuída

Ác. Clorídrico, Pepsina e Fator Intrínseco:

Hipocloridria: Diminui a Absorção de Cálcio e Ferro;

Crescimento bacteriano Excessivo:

Menor ação dos sais biliares

Má absorção de gorduras

Def. de Vit. B12: Anemia Perniciosa, Glossite, Transtornos Mentais, Diarréia,

Anorexia, Ataxia, etc.

4. Motilidade Intestinal Reduzida

Constipação Intestinal: Sensação de plenitude, dor abdominal difusa,

anorexia, pirose, flatulência, mau hálito, cefaléia, náuseas e vômitos.

Problema Real?

Avaliação: Completa: Início, presença de sangue nas fezes, antecedentes

cirúrgicos, perda de peso, mudanças recentes

no hábito alimentar

Atenção Especial: Fenolftaleína ( Sene -folha )

5. Mecanismo de Homeostase

Transtorno do mecanismo da resposta da sede



pacientes idosos não solicitam líquidos

Componentes Essenciais da Avaliação Nutricional de Idosos

Peso Corporal:

Atual

Estimado

% Perda de Peso

% Segmento Corporal Amputado

Altura e Altura do Joelho

Índice de Massa Corporal

Circunferências: Braço e Panturrilha

Pregas Cutâneas: Tríceps e Subescapular

Circunferência Muscular do Braço

Pacientes parcialmente dependentes e dependentes

64, 19 + (0,04 x idade)

Mulheres = 84, 88 + (0,24 x idade)

Estatura (m)





( 2,02 x altura do joelho)

( 1,83 x altura do joelho)

Fonte: CHUMLEA (1985).

Peso (kg)

(0,98 x CP) + (1,16 x altura do joelho) + (1,73 x CB) + (0,37 x PCS)

– 81,69

Mulheres = (1,27 x CP) + (0,87 x altura do joelho) + (0,998x CB) + (0,4x PCS)

– 62,35

Fonte: CHUMLEA (1989).

Índice de massa corporal (kg/m2)

OMS (WHO, 1995)

NUTRITION ... (1992)

< 18,5

18,5 − 24,99

> 24,99

< 22

22 − 27

> 27

Circunferência da Panturrilha

< 31 cm : marcador de desnutrição

COELHO et al, 2006, CHUMLEA et al., 1995; WHO, 1985

Circunferência da Panturrilha, Sarcopenia, e Capacidade Funcional

“condição

realizar

na

as

qual

a

tarefas

força

muscular

normais

é

insuficiente

associadas

estilo de vida independente”

perda involuntária de massa

decréscimo da força e resistência muscular

associa-se com a perda de independência

CHUMLEA et al., 1995; BAUMGARTNER et al., 1998; GURALNIK

et al., 2000; RIKKERT & RIGAUD, 2003; ROLLAND et al., 2003;

CHUMLEA & SUN, 2004

Associa-se com a incapacidade funcional e risco de quedas

ROLLAND et al., 2003; CHUMLEA et al., 1995; BAUMGARTNER et al., 1998

Utilização da Circunferência da Panturrilha na Identificação de Idosos em

Estudo transversal com 197 idosos admitidos em uma Unidade de Geriatria:

Prevalência de desnutrição foi de 54,7% segundo o IMC e ponto de corte

do NSI e 29,7% segundo a WHO.

Independente da classificação adotada para definir desnutrição: análise de

regressão logística ⇒ CP ≤ 31 cm foi identificada como um marcador de

desnutrição (p<0,0001).

Parâmetro antropométrico de fácil mensuração, não invasivo, rápido e

econômico e poderá ser utilizado como um marcador para identificar idosos

hospitalizados em risco nutricional que precisarão ser monitorados.

COELHO et al, 2006

Hemoglobina

Contagem Total de Linfócitos

Eletroforese de Proteínas

Colesterol Total e Frações

Provas Funcionais Renais

Parâmetros de interpretação da albumina e contagem total de linfócitos

Albumina (g/dL)

(Shronts, 1997)

Contagem total linfócitos (mm³)

(Kuczmarski & Kuczmarski, 1994)

Desnutrição moderada

3,5 – 5,0

2,8 – 3,5

2,1 – 2,7

< 2,1

> 1800

1200 – 1800

800 – 1199

< 800

Parâmetros de interpretação de colesterol total

<160 mg/dL : limítrofe

<130 mg/dL : marcador de desnutrição

(NUTRITION ..., 2002)

Combinação de Hipoalbuminemia e Hipocolesterolemia como preditores

precoces da Mortalidade de idosos

Sinais de uma nutrição deficiente

de

fase

aguda

mediada

por

citocinas

inflamação aguda ou crônica.

Mortalidade dentro de 1 ano

Indicadores de fragilidade

Determinantes biológicas

Investigação adicional

Conseqüências Clínicas dos Distúrbios Nutricionais

Sobrepeso e Obesidade

Hipertensão Arterial

Diabetes Mellitus

Coronariopatias

Prejuízo para a capacidade funcional

Baixo Peso e Desnutrição

Maior Risco de Infecções

Baixa Capacidade de Cicatrização

Menor Resposta às Terapêuticas Cirúrgica e Medicamentosas

Maior Tempo e Custo de Hospitalização

Prejuízo para a capacidade funcional

Componentes Relacionados com a Aptidão Física:

Capacidade cardiovascular

Condição muscular

Capacidade de flexibilidade

Composição corporal

Sobrepeso e Obesidade

• Impotência Funcional

• Presença de doenças

• Sinais e Sintomas

• Estado Funcional

• Estado Cognitivo

• Uso de Medicamentos

Uso de medicamentos

Maior risco de interações entre drogas e nutrientes:

- Aumento na proporção de tecido adiposo;

- Redução da massa corporal magra;

- Diminuição da massa celular hepática;

- Diminuição do fluxo sanguíneo; e

- Comprometimento da função renal.

• Medicamentos associados com anorexia e desnutrição :

- Antagonistas de H2

• Medicamentos que estimulam o apetite e levam ao ganho de peso:

- Antipsicóticos (risperidona, olanzapina)

- Drogas antidepressivas (amitriptilina)

- Anticonvulsivante (ácido valpróico)

• Mecanismos do Compromentimento Nutricional:

- Drogas que causam sonolência, náusea, tontura, ataxia, confusão, cefaléia,

fraqueza, tremor ou neuropatia periférica → interferem na capacidade ou no

desejo de se alimentar.

- Drogas podem afetar o sentido gustativo e olfatório

- Drogas anticolinérgicas → xerostomia

• Atenção às Alterações Secundárias à Desnutrição



perda de massa muscular e diminuição das reservas protéicas viscerais podem

afetar a distribuição das drogas que se ligam à proteína(varfarina, fenitoína)



idosos com níveis baixos de albumina (< 3.0 g/dL): Maiores riscos de efeitos

• Maior proporção de tecido adiposo em pacientes idosos



Acúmulo de drogas lipossolúveis(benzodiazepínicos) :

Liberação prolongada e maior toxicidade

• Frente a qualidade dos alimentos:

quem compra / o que compra;

quem prepara / o que prepara.

• Frente a ingestão oral: -alimentos

quantidade,

consistência;

consumidos:

freqüência,

qualidade;

capacidade

horários

física

gasto

para

para

;

se

realizar

preferências.

alimentar

as

olfatório.

redução ou distorção do sentido gustativo e

dificuldade de ingestão (disfagia, recusa parcial

problemas gastrointestinais).

Informações obtidas → comparadas:

Informações anteriormente obtidas de ingestão do próprio

indivíduo;

Recomendações Dietéticas para o consumo de nutrientes;

Pirâmide dos Alimentos.

Frente as necessidades nutricionais:

a via oral usual exclusiva é suficiente para atingir esse critério?

torna-se necessário adaptação da dieta oral e/ou uso de

suplementos?

Protocolos de Avaliação Nutricional do Idoso

• Lista de Auto-Avaliação

Concebida para ser utilizada como a primeira ferramenta de intervenção

para o monitoramento nutricional;

Visa identificar idosos com problemas nutricionais ou estado nutricional

Próprio indivíduo ou o cuidador pode identificar os problemas nutricionais e

determinar o risco nutricional;

Pontuação › 6 indica → avaliação nutricional de Nível I.

• Avaliação Nutricional de Nível I

Contém questões sobre peso, altura, hábitos alimentares e estado

Deve ser administrado por profissionais da área de saúde;

Se for determinado que o paciente está com risco nutricional deve se fazer

a avaliação de nível II, associada com um exame clínico.

• Avaliação de Nível II

Objetivo: identificar indivíduos com alto risco nutricional, por meio de

história médica e dietética, dados antropométricos e laboratoriais.

Também se faz uma investigação minuciosa de hábitos alimentares,

condições de vida, saúde mental e capacidade funcional;

Inclui : indicadores antropométricos, exames bioquímicos, avaliação

cognitiva (Mini Exame do Estado Mental), avaliação do estado cognitivo

(Escala de Depressão Geriátrica, Índice de Depressão de Beck), uso

crônico de medicamentos e sinais clínicos de deficiências nutricionais

(alterações na pele, fraturas ou dor óssea, alterações no tecido oral).

Índice de Risco Nutricional (IRN)

Pode ser usado como uma alternativa ou em conjunto com a Lista de Auto-

Avaliação do NSI;

Inclui: dezesseis questões sobre de ingestão de alimentos, restrições

dietéticas, quadros mórbidos que afetam a ingestão de alimentos, doenças

associadas com a ingestão dos mesmos e mudanças significativas no

hábito alimentar e deve ser aplicado por profissionais da área de saúde;

Pontuação ≥ 7 → Risco nutricional, má saúde geral e necessitam de maior

uso de serviços de saúde → Avaliação Nutricional de Nível I

Mini Avaliação Nutricional

Perguntas simples : medidas antropométricas, informações dietéticas,

avaliação global e auto-percepção da saúde e nutrição, para serem

respondidas em menos de 10 minutos ;

A pontuação obtida permite identificar idosos com bom estado nutricional,

em risco nutricional e desnutridos.

Planejamento da Dieta . Componentes Dietéticos:

Energia - Harris- Benedict

Proteínas - 10 a 20% do VCT ou 0.8g/Kg Peso

Lipídeos - Até 30% do VCT. Sendo:

10% saturada;

10% monoinsaturada; e

10% poliinsaturada;

Colesterol dietético < 300mg/Dia

Carboidratos : 50 a 60% do total de energia.

Açúcar simples: 10% do VCT

Açúcar complexo: aporte integral.

Fibras: 20-30g/Dia

Considerações Especiais

Fibras Solúveis

- VO: 25% do total diário

NE: 6 - 14g/l

Fibras Insolúveis - porção remanescente

Oligossacarídeos - FOS - 3g/dia

Efeitos adversos do uso excessivo de fibras

Estado de hidratação normal ( assumindo função

renal e cardíacas normais ):

35 ml/Kg 18 - 55 anos

30 ml/Kg 55 - 65 anos

25 ml/Kg > 65 anos

1 ml/cal ingerida ( referente à fórmula enteral )

VITAMINAS e MINERAIS - Padrão Individual X RDA/ IDR

Intervenção Nutricional

Via Oral Exclusiva

Via Oral Suplementada

Via Oral Espessada

Via Oral + Via Enteral

Via Enteral Exclusiva

Avaliação do Cuidado Nutricional

Monitorização da ingestão alimentar e de fluidos;

Avaliação da ingesta atual frente ás metas estabelecidas;

Avaliação da adesão ao plano dietético proposto;

Monitorização Bioquímica;

Monitorização Antropométrica;

Monitorização Clínica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário