sábado, 1 de janeiro de 2011

Necessidades nutricionais no idoso

O envelhecimento é um processo caracterizado por mudanças biológicas

normais que ocorrem com o passar da vida. A qualidade de vida na terceira

idade relaciona-se a diversos fatores do cotidiano, como a saúde física e

mental, satisfação com o trabalho, relações familiares, vida social, estado

nutricional adequado, atividades físicas, entre outros.

Um estilo de vida que combina uma alimentação equilibrada, atividade

física regular e controle do estresse, contribui para aumentar a expectativa de

vida do idoso e, principalmente, uma vida mais saudável.

Nos idosos as funções no organismo diminuem como um todo,

diferenciando-se na intensidade segundo o órgão ou sistema em questão.

Uma das maiores modificações no organismo é a mudança na

composição corporal, com o aumento do tecido adiposo e diminuição da massa

magra. A partir dos 60 anos, este quadro atinge todos os órgãos e com maior

intensidade na massa muscular, provocando alteração na força e mobilidade,

favorecendo a possibilidade de quedas. Esta alteração da composição corporal

reflete diretamente na diminuição do metabolismo basal.

O olfato, paladar e a visão diminuem, podendo reduzir o consumo

alimentar, assim como a capacidade de mastigação. O idoso passa a ter

escolhas alimentares alteradas que podem diminuir o valor nutritivo da

alimentação e com isso, aumentar o risco de desnutrição.

Um bom estado nutricional, com o fornecimento adequado de energia,

proteínas, vitaminas e minerais é de extrema importância para que o idoso

resista às doenças crônicas e debilitantes e possa manter a saúde e

independência.

Para a avaliação nutricional do idoso é fundamental ressaltar uma

história alimentar. Contudo, é necessário questionar o idoso, assim como os

familiares, sobre alterações de peso, restrições alimentares voluntárias ou

impostas,

crônicas e uso de medicamentos. Além disso, um registro da alimentação

habitual do paciente por três dias é interessante para avaliar o padrão rotineiro

de ingestão.

Nos exames físico e laboratorial devem ser identificadas as alterações

procurando não confundir os sinais de desnutrição com o processo de

envelhecimento.

alcoolismo,

depressão,

alterações

gastrointestinais,

Necessidades energéticas

Nos idosos, assim como em toda a população, a quantidade energética

ingerida na alimentação é fundamental para manter um estado nutricional

adequado. Uma alimentação diversificada, com alimentos de diferentes fontes,

oferece os nutrientes necessários para uma nutrição equilibrada, desde de que

ingeridos na quantidade recomendada para suprir os gastos energéticos.

O fracionamento das refeições, assim como a diminuição do seu volume

contribuem para o processo de digestão, absorção e aproveitamento dos

alimentos. Recomenda-se o consumo de quatro a seis refeições diárias. Além

disso, é importante a refeição apresentar aspectos agradáveis, como a cor,

sabor, aroma e textura.

A redução na massa magra corpórea e a atividade física estão

associadas com a necessidade total de energia. O metabolismo basal reduz

cerca de 10% até os 60 anos e aumenta com passar da idade, influenciando

diretamente com a diminuição do gasto energético.

O gasto energético diário é estimado mediante a soma do metabolismo

basal e as atividades físicas. Para determinar a taxa metabólica basal

recomenda-se a utilização da equação da Organização Mundial da Saúde,

OMS, 1996 que considera o peso corporal. A energia gasta com a atividade

física pode ser mensurada e avaliada em tabelas com o gasto energético por

tipo de atividade.

Carboidratos

O carboidrato é um nutriente essencial na nutrição humana. Algumas de

suas funções são: fornecer energia para o organismo, preservar a proteína,

servir como único substrato energético para o sistema nervoso central e ativar

o metabolismo.

A dieta do idoso deve obter entre 50% a 60% do valor calórico total de

carboidratos. É necessário ressaltar a prioridade de carboidratos complexos,

como o arroz, macarrão, pães, batata e cereais, para minimizar os picos de

hiperglicemia. Os carboidratos simples, como a glicose e sacarose deverão ser

no máximo 10% do total de carboidratos.

Proteínas

As proteínas são formadas por diferentes combinações dos 20

aminoácidos e exercem funções estruturais, reguladoras, de defesa e de

transporte nos fluidos biológicos. A melhor fonte protéica são as de origem

animal, entretanto, a mistura de cereais e leguminosas fornece a quantidade

necessária de aminoácidos para a síntese protéica.

Os idosos apresentam diminuição na síntese e degradação protéica,

além de uma menor massa magra, assim, o fornecimento protéico é

fundamental. A recomendação estabelecida pela Recomendações das

Necessidades Diárias (RDA) é de 0,8g/kg/dia. É importante ressaltar o cuidado

para não haver uma ingestão acima do recomendado, podendo sobrecarregar

o sistema renal, além de interferir na absorção de cálcio, prejudicando a massa

óssea.

Lipídeos

Os lipídeos desempenham funções energéticas, estruturais e hormonais

no organismo, além de auxiliar na absorção e transporte de vitaminas

lipossolúveis.

A ingestão de lipídeos recomendada é de 20% a 30% do valor calórico

total. No entanto, as gorduras saturadas não devem ser superior a 10%, pela

sua associação com doenças coronarianas. São encontradas em carnes, ovos,

leite e derivados.

O restante deverá ser de mono e poliinsaturados, encontrados em

gorduras vegetais. A ingestão de ácidos graxos essenciais, que incluem o

ômega 6 (ácido linoléico) deve ser de 11g/dia, sendo encontrado em nozes,

castanhas, sementes e óleo de soja, girassol e milho; e o ômega 3 (ácido

linolênico) com ingestão de 1,1g/dia, encontrado em óleos de canola, linhaça,

salmão, arenque, sardinha e algas. O consumo de colesterol não deve ser

superior a 300mg/dia.

Vitaminas e Minerais

O uso de suplementos vitamínicos e de minerais pelos idosos pode ser

uma alternativa a ser considerada quando há consumo de dietas inadequadas

ou alguma enfermidade específica. Porém, seu uso não pode ser extrapolado,

visto que uma dieta equilibrada pode suprir as necessidades do indivíduo.

O cálcio é um dos principais micronutrientes relacionados com o

envelhecimento, além de ser o mais abundante no corpo humano. O

metabolismo do cálcio está diretamente relacionado com a perda da massa

óssea ou osteopenia, podendo atingir a osteoporose. Além disso, a absorção

de cálcio está diminuída no idoso, sendo mais um fator de contribuição da

doença. A suplementação pode ser necessária para grupos de risco, como

mulheres na pós-menopausa com histórico familiar da doença, raça branca,

baixo peso, sedentárias e com exposição solar inadequada.
Segundo as DRIs, a recomendação de cálcio para a população acima

dos 51 anos é de 1200mg/dia.

A vitamina D é um outro fator relacionado ao metabolismo ósseo, sendo

necessário um controle adequado na ingestão deste nutriente. O estilo de vida

do idoso, prática de atividade física, reposição hormonal e a genética devem

ser levados em consideração. Além disso, o consumo de cafeína, alimento

comum entre idosos, hábito de fumar e excesso de álcool podem comprometer

negativamente a massa óssea.

Contudo, o acompanhamento do paciente idoso é extremamente

necessário para que o mesmo tenha uma dieta equilibrada e mantenha a saúde.

Hidratação

A água deve merecer atenção especial, principalmente nesta faixa

etária, na qual a desidratação é o distúrbio hidroeletrolítico mais comum.

O sistema renal diminui sua capacidade com a idade, assim como os

idosos sentem menos sede que os mais jovens, gerando uma privação de

água. Esta pode ocorrer por um distúrbio cognitivo, pela diminuição da sede ou

por debilidade física. Contudo, a água deve ser controlada, assim como a dieta

e os medicamentos, principalmente, para idosos que requerem um maior

cuidado.

Como visto a população idosa apresenta particularidades que merecem

maior cuidado e atenção. A nutrição pode contribuir para a manutenção e

melhoria da saúde destes indivíduos, buscando a união de uma dieta

equilibrada e saudável com o prazer, alegria e conforto que o alimento propicia,

respeitando sempre as preferências e hábitos dos idosos.

Referências Bibliográficas

COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de nutrientes. 1.ed. São Paulo:

Manole, 2005.

DUTRA-DE-OLIVEIRA, J.E.; MARCHINI, J.S. Ciências Nutricionais. 1.ed.

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FERREIRA, M.T., et al. Necessidades nutricionais no idoso ativo. Rev.

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SOUZA, F.T.F.S., MOREIRA, E.A.M. Qualidade de vida na terceira idade:

saúde e nutrição. Rev. Cien. Saúde, Florianópolis, v.17, n.2, p.55-76, jul./dez.

1998.

Luiza Rossi Camargo - acadêmica do curso de Nutrição do Centro Universitário São

Camilo, estagiária em Marketing Nutricional da Nutrociência Assessoria em Nutrologia

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